Indígenas Tupinambá são agredidos na Bahia
Novas arbitrariedades com indígenas na Bahia. Na última sexta-feira (19), indígenas da aldeia de Serra do Padeiro sofreram ataques e ameaças de fazendeiros da região. As agressões aconteceram durante manifestação dos produtores da região contra a demarcação das terras Tupinambá.
José Domingos e Givaldo Jesus da Silva, indígenas Tupinambá, estavam na cidade de Buerarema vendendo a produção de farinha da comunidade. No mesmo local, na Praça Domingos Cabral, acontecia manifestação liderada por fazendeiros, que já há algum tempo vêm incitando a população contra os indígenas. Ao avistarem os indígenas na praça, os fazendeiros e seus simpatizantes perseguiram e ameaçaram José Domingos e Givaldo, destruindo os carros de sua comunidade.
Revoltados com as agressões, a comunidade deslocou-se para parte da área indígena demarcada, ainda em poder de um dos fazendeiros, o principal agitador e incentivador de agressões contra os indígenas. A comunidade está cansada de esperar que soluções sejam tomadas por parte das autoridades em relação à demarcação de suas terras. Os indígenas esperam que investigações sejam realizadas para evitar os ataques que freqüentemente têm sofrido.
Na manhã de sábado, os indígenas que ocuparam a fazenda foram violentamente surpreendidos pela Polícia Federal, que estava em companhia dos fazendeiros. De acordo com lideranças indígenas, os policiais agiram com violência, atirando e intimidando as pessoas. Durante a ação, diversos indígenas se refugiaram na mata, dois deles juntamente com outros dois não indígenas foram presos pelos policiais. Os detidos foram acusados pela PF de formação de quadrilha, reação à prisão e esbulho possessório.
Ainda na noite de sábado os dois não indígenas foram liberados. José Domingos e Givaldo da Silva só voltaram pra casa na manhã de domingo. De acordo com o grupo que ocupa a fazenda, nem mesmo a operação arbitrária e violenta da Polícia Federal fará com que saiam do local. "Temos direito à terra que nos pertence tradicionalmente. Além disso, esse fazendeiro é o principal agitador do povo contra nossa comunidade, mesmo não tendo motivos para isso", afirmou a liderança Glicélia Jesus da Silva.
Perseguição
A perseguição do fazendeiro à comunidade é de longa data. Ele, inclusive, tem utilizado espaço na Rádio Jornal de Itabuna, durante o programa Novo Amanhecer, para atacar, ofender, agredir e levantar calúnias contra os indígenas. "Somos constantemente perseguidos por esses fazendeiros, por isso resolvemos realizar essa retomada. Eles precisam entender que o tempo dos grandes coronéis já passou, que temos direitos que devem ser respeitados", afirmou Glicélia.