Informe nº. 868: VIII Assembléia dos Povos Indígenas da Região de Guajará Mirim e Nova Mamoré reivindica mudanças no atendimento à saúde
A saúde foi um dos temas mais debatidos e de maior gravidade durante as discussões da VIII Assembléia dos Povos Indígenas da Região de Guajará Mirim e Nova Mamoré, no estado de Rondônia.
O encontro teve início no dia 15 de junho e terminou hoje, 18 de junho, tendo a saúde como último ponto de pauta. Das 31 aldeias da região, 24 estiveram representadas. Somando-se aos indígenas da cidade participaram 70 pessoas.
A região concentra o maior número de indígenas do estado de Rondônia, somando um total de mais de cinco mil indígenas. Por outro lado é o local que mais sofre pelos descasos dos órgãos competentes, principalmente em relação à saúde. O acesso às comunidades fluviais, tendo aldeia com mais de 300km de distancia da cidade, é uma das dificuldades apontadas.
O coordenador da Organização Oro Wari, Milton Oro Nao, ressaltou que a saúde está precária em todas as comunidades. “A questão da saúde está muito ruim. Não há transporte, por exemplo, fazendo com que muitas pessoas morram nas aldeias sem atendimento”, ressalta. Segundo Milton, é preciso que os recursos da saúde cheguem a estas aldeias de Guajará Mirim. “A nossa maior reivindicação é que seja criado um distrito de saúde indígena em Guajará Mirim. Os nossos recursos vão sempre para a capital, Porto Velho, e muitas vezes não chega aqui como deveria”, afirma. Milton acredita que com o distrito de saúde em Guajará Mirim, haveria mais transparência em relação a esses recursos.
Vários pontos contribuem para o mau atendimento da saúde na região: falta de formação e contratação para os Agentes Indígenas de Saúde (AIS), falta de transportes tanto para as equipes de área prestarem seu atendimento como para a CASAI atender as emergências; falta de meios de comunicação; falta de medicamentos de base; falta contratação de médicos (só existe um médico contratado com 20h semanais para atender toda a população indígena, sendo que o recurso que vem do SAS é para que se contrate dois médicos com 40h de atendimento semanais cada um).
Atendimento da Funai
Desde 2006 o movimento indígena local vem lutando para que toda a administração local seja modificada. Eles afirmam que além de não ter uma atenção de qualidade para as comunidades indígenas, a Funai descrimina os indígenas e divide as aldeias colocando umas contra as outras, gerando desunião e enfraquecimento das lutas. Em janeiro deste ano os indígenas ocuparam a sede da Funai, exigindo a exoneração do administrador e de toda sua equipe.
Existe uma promessa da Funai de Brasília em nomear um indígena da região votado pelos indígenas. A Funia pediu um prazo de 20 dias para a sua nomeação, prazo este que já foi ultrapassado e até agora sem nenhum resultado.
Os indígenas também não estão satisfeitos com a educação na região. Vários estudantes se deslocam para as cidades para estudar, por falta de implantação do ensino médio nas aldeias. Os professores indígenas concluíram o projeto Açaí/Magistério indígena há mais de 4 anos e aguardam o ensino superior. Diante de toda essa situação a Assembléia discute os desafios e buscam estratégias para o enfrentamento e pretendem fazer uma grande mobilização com lideranças e populações das aldeias da região.
(Com informações do Cimi – Equipe Guajará-Mirim-RO)