Fórum das equipes e Assembleia do Cimi Regional Norte I: um avanço missionário para águas mais profundas
O momento foi de formação e escuta entre os participantes que trataram da conjuntura política atual que ataca os direitos indígenas e a força da resistência dos povos em seus territórios
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45ª Assembleia do Cimi Regional Norte I Indígenas e a realidde de violencias vivida em seus territórios. Foto: Ligia Apel/Cimi Norte 1
“Em tempos raríssimos e em tempos belos”. Essa foi a tônica dos debates, conversas, exposições, argumentações, análises, encontros, abraços, preocupações e alegrias que envolveram os mais de 50 participantes da 45ª Assembleia Regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Norte I.
A Assembleia foi realizada nos dias 08 e 10 de fevereiro, no Centro de Formação Xare, em Manaus. Já o Fórum das Equipes do Regional, que ocorreu no mesmo local, iniciou nos dias 06 e 07 e terminou depois da Assembleia, nos dias 12 e 13.
Com o tema “A resistência dos povos indígenas frente às falsas soluções em seus territórios” e o lema “A sabedoria dos povos indígenas como prática para o Bem Viver”, homens e mulheres, missionários, indígenas, parceiros e convidados refletiram sobre os tempos atuais e as violências que incidem sobre os povos.
No ano de 2011, por ocasião da XIX Assembleia do Cimi, Dom Pedro Casaldáliga exaltava Santa Teresa perante os missionários que se viam perplexos com as investidas contra os direitos e territórios dos povos indígenas e que, ao mesmo tempo, jubilavam-se com a resistência, perseverança e esperança desses povos. À época, Dom Pedro afirmou que “em tempos raríssimos, como dizia Santa Teresa, em tempos belos, que devem ser, simultaneamente, tempos de muito compromisso, de muita esperança”.
“Os direitos dos povos indígenas estão sendo negociados ao vivo, de forma escancarada, de forma retransmitida, sem nenhum pudor ou ressalva”
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45ª Assembleia do Cimi Regional Norte I Indígenas e a realidde de violencias vivida em seus territórios. Foto: Ligia Apel/Cimi Norte 1
A memória dessa mensagem, enaltecida pelo secretário executivo do Cimi, Luis Ventura, durante a Assembleia Regional do Cimi Norte I, traz à atualidade da mesma perplexidade frente aos ataques desenfreados da nova constituição política do país e o mesmo júbilo da resistência e força dos povos indígenas diante das investidas contra suas vidas.
“Um governo que continua insistindo no projeto da mineração de potássio, na abertura da BR [319] e em outros grandes projetos [desenvolvimentistas] na Amazônia, assim como fazia o governo anterior”
Em tempos de outrora, os inimigos dos direitos indígenas atuavam “na surdina, nos almoços e jantares da elite”, afirmou o secretário. Hoje, “os direitos dos povos indígenas estão sendo negociados ao vivo, de forma escancarada, de forma retransmitida, sem nenhum pudor ou ressalva”.
O alerta se dá em uma análise da conjuntura política que trouxe à luz as armadilhas e retrocessos que o Estado brasileiro e o poder econômico do país vêm provocando aos direitos indígenas. “Um governo que continua insistindo no projeto da mineração de potássio, na abertura da BR [319] e em outros grandes projetos [desenvolvimentistas] na Amazônia, assim como fazia o governo anterior”, lembrou Luis.
“O Estado vai passar quase 150 milhões de reais àqueles que esbulharam, àqueles que ameaçaram, àqueles que mataram, àqueles que depredaram”
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45ª Assembleia do Cimi Regional Norte I Indígenas e a realidde de violencias vivida em seus territórios. Foto: Ligia Apel/Cimi Norte 1
O secretário recordou, também, da falácia das audiências de conciliação que discutem a constitucionalidade da lei do marco temporal (Lei 14.701/2023) para demarcação de terras indígenas, realizadas pelo Supremo Tribunal federal (STF), e cita a “conciliação” entre fazendeiros e o povo Guarani Kaiowá sobre a Terra Indígena Nhanderu Marangatu.
“Para garantir o território [para esse povo], o Estado vai passar quase 150 milhões de reais àqueles que esbulharam, àqueles que ameaçaram, àqueles que mataram, àqueles que depredaram. A garantia dos direitos territoriais dos povos indígenas tem que passar agora pela premiação econômica para aqueles que vão continuar invadindo, depredando e matando”.
No entanto, junto a esses ataques, há o poder da resistência indígena, a sabedoria e a espiritualidade que movem esses povos como práticas do Bem Viver. Para esse momento, foram convidadas lideranças indígenas de diferentes regiões do Amazonas.
A escuta que fortalece
As lideranças indígenas convidadas integraram três mesas de debate, onde relataram as ameaças, as falsas soluções ambientais, a exploração dos recursos naturais, o avanço de facções e criminalização indígena, bem como as ações de resistência para autoproteção e organização das comunidades.
Do alto rio Solimões, do município de Tabatinga, no Amazonas, Clebson Moratu Alve Ticuna, falou com preocupação sobre o avanço do alcoolismo e outras drogas em sua aldeia Belém do Solimões.
“Os jovens se deprimem e cometem suicídio porque não conseguem mais enfrentar os problemas da vida”
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45ª Assembleia do Cimi Regional Norte I Indígenas e a realidde de violencias vivida em seus territórios. Foto: Ligia Apel/Cimi Norte 1
“A nossa dificuldade é a droga e o alcoolismo, que derrubaram a nossa juventude. Estão acabando com a vida deles. Os jovens se deprimem e cometem suicídio porque não conseguem mais enfrentar os problemas da vida”, afirmou apontando a educação e a comunicação como forma de recuperar os jovens.
“Transmitimos para comunidade e para outras uma boa informação. Falamos sobre a esperança, sobre nossa realidade e cultura. Divulgamos, anunciamos, comunicamos”, explicou Clebson ao contar sobre a importância da rádio da comunidade para levar informações às aldeias.
“De vez em quando vemos um drone rondando o nosso território”
No sul do Amazonas, do município de Manicoré, a jovem liderança José Fidelis Mura, da Terra Indígena Lago do Jauari, relatou riscos e as ameaças que a abertura da BR 319, estrada que pretende interligar Manaus a Porto Velho (RO), está trazendo para os povos que vivem em sua área de afetação.
“São três territórios impactados lá, as Terras Indígenas Lago do Jauari, Capanã Grande e a Arirama do Lago do Baeta. Estamos ameaçados porque denunciamos o desmatamento, a invasão com interesse nas madeiras e até garimpo. Todo dia a gente vê passar um avião muito baixo em direção à BR-319, e ali não é uma linha de voo. De vez em quando vemos um drone rondando o nosso território. Na Terra Indígena do Lago do Capanã Grande detectamos 17 córregos fechados, que os fazendeiros conseguiram fechar, e isso está impactando muito o rio Capanã. O peixe e a caça desapareceram. Tenho imagem dos castanheiros mortos com veneno e fogo”, descreveu o indígena.
“A gente está em parceria nos três territórios para fazer a vigilância. Já acionamos a Funai e o MPF do Amazonas, mas até hoje não tivemos nenhum retorno”
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45ª Assembleia do Cimi Regional Norte I Indígenas e a realidde de violencias vivida em seus territórios. Foto: Ligia Apel/Cimi Norte 1
A solução que o povo Mura da região encontrou está na união dos três territórios para monitorar e fiscalizar os territórios. “A gente está em parceria nos três territórios para fazer a vigilância. Já acionamos a Funai e o MPF do Amazonas, mas até hoje não tivemos nenhum retorno”, afirmou.
Assim como os Mura, o povo Mayoruna (Matsés), da TI Vale do Javari, na aldeia Morada Nova, em Atalaia do Norte também fazem seu próprio monitoramento e fiscalização do território. Para chegar à aldeia de Assis Mayoruna são seis dias de viagem de rabeta – uma pequena embarcação com motor de popa. A distância, no entanto, não impede as invasões, ameaças e riscos aos indígenas.
“Nós cuidamos sempre, mas esses pescadores tiram o nosso pirarucu”
“Na nossa terra tem limite para a área dos brancos, que é do outro lado da nossa área. Mas, sempre tem invasores, pescadores e caçadores. Nós fazemos o manejo do pirarucu e sempre que fazemos a vigilância encontramos restos, cabeça, ossos de pirarucu [na região dos lagos de manejo]. Nós cuidamos sempre, mas esses pescadores tiram o nosso pirarucu”, lamenta Assis, que integra o coletivo de vigilância Guerreiros da floresta, que conta com 64 indígenas treinados e capacitados pela própria Organização Geral do Povo Mayoruna (OGM).
Fazer a própria vigilância do território também foi a solução encontrada pelo povo Deni, da região do médio Juruá, do município de Itamaraty. A Associação do Povo Deni do Rio Xeruã (Aspodex) monitora toda o território e, também, realiza o manejo do pirarucu para preservar o pescado, gerando renda e assegurando o alimento.
“Conquistamos saúde e educação indígena e temos o manejo do pirarucu que protege nossos lagos”
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45ª Assembleia do Cimi Regional Norte I Indígenas e a realidde de violencias vivida em seus territórios. Foto: Ligia Apel/Cimi Norte 1
“A organização na área indígena é para nos fortalecer e reforçar na comunidade as coisas [políticas públicas] que precisamos. Conquistamos saúde e educação indígena e temos o manejo do pirarucu que protege nossos lagos e ajuda na vigilância [territorial] que fazemos. Todo ano, nós ‘escutamos’ a população do pirarucu dos 160 lagos da TI Deni do rio Xeruã, fazemos relatório e enviamos para o Ministério do Meio Ambiente e ele autoriza a pesca”, informou Kavarivi Minu Deni, da aldeia Morada Nova, da TI Deni do rio Xeruã.
O povo Mura, de Careiro da Várzea, município próximo a Manaus, também esteve presente contando as histórias de conquista através da organização. Depois de muitos anos reivindicando e pressionando, as aldeias Mura do município unidas na Organização das Lideranças Mura de Careiro da Várzea (OLIMCV), conquistaram a educação escolar indígena, que até o ano passado não era reconhecida pela Secretaria Municipal de Educação (Semed).
“A gente lutou bastante, empunhamos nosso protocolo e afirmamos nosso direito”
“A gente lutou bastante, empunhamos nosso protocolo e afirmamos nosso direito. Fomos até a gestão do município, dialogamos, pressionamos e vencemos. Hoje nós temos a Lei 676/202, aprovada com todos os nossos direitos”, afirmou a professora indígena Ana Claudia Mura, que celebra a vitória.
O povo Mura vive na região secularmente. Foi o povo indígena que lutou contra as oligarquias do século XIX no movimento chamado A Cabanagem. Mesmo assim, o Estado brasileiro ainda não homologou seu território. Por conta disso, nos últimos anos, têm enfrentado a invasão de um projeto de mineração que os desconsidera em sua identidade indígena. A empresa Potássio do Brasil vem tentando, desde 2013, se estabelecer no território Mura para explorar a silvinita, principal recurso natural para a produção do potássio utilizado como fertilizante na agricultura. Sem consulta aos indígenas, sem estudos consistentes, com mentiras e estratégias de cooptação, a empresa busca se estabelecer no coração da Amazônia à revelia de quem lá vive.
“Nós queremos nosso território demarcado e não mineração dentro de nossas terras”
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45ª Assembleia do Cimi Regional Norte I Indígenas e a realidde de violencias vivida em seus territórios. Foto: Ligia Apel/Cimi Norte 1
Milena Mura, coordenadora-presidente da Organização de Mulheres Mura (OMI) relatou sobre o avanço do empreendimento e sobre a resistência Mura que continua forte. Ao contrário do que a Potássio diz, a maioria dos Mura não está favorável a mineração em seu território e querem a demarcação do território.
“Nós queremos nosso território demarcado e não mineração dentro de nossas terras, impactando a natureza e nossas vidas. Por isso, criamos a Organização Indígena da Resistência Mura de Autazes (Oirma). O objetivo é fortalecer essas aldeias que se desligaram da coordenação do Conselho Indígena Mura, que foi cooptado. Criamos com o objetivo de fortalecer a luta na resistência, de fazer crescer mais esse movimento, de dar voz para que eles possam também ter o direito de falar nessas grandes assembleias e poder dizer não à mineração”, esclareceu.
“Se o governo tivesse feito algo por nós antes ou depois daquele massacre, o cenário seria outro hoje. Mas a gente ficou mais isolado do que antes”
Tão forte quanto a luta do povo Mura na defesa de suas vidas, é a luta do povo Maraguá, do município de Nova Olinda do Norte, a 120km de Manaus. Conhecido como o Massacre do Rio Abacaxis, ocorrido em 2020, os criminosos que torturaram indígenas e mataram ribeirinhos nas comunidades ao longo dos rios Abacaxis e Mari Mari continuam impunes. Mesmo sob ameaças constantes do narcotráfico nas proximidades e do descaso e omissão do Estado na região, o povo Maraguá resiste e tem esperanças em novos tempos. Ruberval Maraguá, da comunidade Terra Preta, da TI Maraguá Pajy, analisa as consequências da ausência do Estado ao mesmo tempo que enaltece a soma de forças para não se perder a esperança.
“Se o governo tivesse feito algo por nós antes ou depois daquele massacre, o cenário seria outro hoje. Mas a gente ficou mais isolado do que antes. E sem direitos assegurados ficamos vulneráveis. Há avanço do narcotráfico em toda nossa região. Contudo, participamos de oficinas e formações que mostraram que é importante trabalhar em rede, porque não estamos sozinhos. Precisamos juntar forças para ter esperanças e fazermos a diferença nesse cenário tão complicado que é do nosso país”, considerou.
“Queremos um território sem drogas, sem alcoolismo, sem mortandades”
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45ª Assembleia do Cimi Regional Norte I Indígenas e a realidde de violencias vivida em seus territórios. Foto: Ligia Apel/Cimi Norte 1
O povo Sateré Mawé participou de forma virutal. Bernardo e Cristina Sateré Mawé, coordenadores da Barreira Sanitária e Monitoramento Socioambiental da Terra Indígena Andirá-Marau, narraram a trajetória de combate ao comércio de bebidas e drogas no território. Desde a base montada para controlar a pandemia, a Barreira é a autoproteção do território que recebe apoio dos tuxauas do território e de parceiros que contribuem com seu funcionamento. São muitas e fortes as tentativas de desmonte da organização, mas há também forças e esperanças no combate às investidas.
“Queremos um território sem drogas, sem alcoolismo, sem mortandades. Precisamos devolver a força política, força de vida, de seguridade e produção de alimentos. Temos momentos de desespero e cansaço. Mas, é neles que contamos com a rede de proteção que construímos. Ela é a garantia de não desistir”, afirmou Bernardo.
Parcerias em rede
O trabalho em rede com alianças e parcerias na defesa dos direitos e territórios indígenas foi o que impulsionou os debates entre as esperanças. Assim, a Assembleia do Cimi Regional Norte I propôs aos missionários seguirem atuando unidos, em rede, e com fé nas conquistas.
Inserida na rede de parceiros está a Igreja que, durante a Assembleia, reafirmou seu compromisso de estar presente e continuar animando e aprendendo com os povos indígenas. “A igreja quer continuar sendo parceira com vossas causas: de modo especial, na defesa do território e de vossas culturas e línguas. Queremos também ser parceria política na defesa dos direitos. Queremos que os bispos e missionários sejam aliados de vocês na luta pelo território, contra o marco temporal. Contem conosco”, concluiu dom Vanthuy.
“Ouvir ele falar em esperança é um grande testemunho para nós, de força para nossa caminhada”
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45ª Assembleia do Cimi Regional Norte I Indígenas e a realidde de violencias vivida em seus territórios. Foto: Ligia Apel/Cimi Norte 1
Também estiveram presentes na Assembleia, os bispos Dom Adolfo Zon da diocese do Alto Solimões, Dom José Albuquerque, da diocese de Parintins, e o presidente do Cimi, Cardeal Dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo da Arquidiocese de Manaus.
A Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (Famddi), esteve representada por sua assessoria jurídica. A Famddi acompanhou a tragédia ocorrida no rio Abacaxis e enalteceu, durante o encontro, a posição de Ruberval Maraguá que, apesar de tudo, está animado e animando a ação em rede. “Ouvir ele falar em esperança é um grande testemunho para nós, de força para nossa caminhada. Quando vemos que tudo está difícil e que pensamos em desistir, o esperançar dos povos indígenas continua atuante”, estimou a assessoria.
“Mais do que nunca, precisamos estar unidos e fortes, ouvindo os povos, a voz das mulheres e jovens que nos trazem o que sofrem, mas nos falam de esperanças”
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Roraima também marcou presença na Assembleia e, como instituição irmã do Cimi, reafirmou a história de compromisso da parceria para o fortalecimento dos povos tradicionais em sua luta pela vida, afirmou Maria Mendonça, representante da CPT-RR.
“Vivemos uma fase difícil na área rural com a expansão do agronegócio, dos agrotóxicos, da violência no campo. Mais do que nunca, precisamos estar unidos e fortes, ouvindo os povos, a voz das mulheres e jovens que nos trazem o que sofrem, mas nos falam de esperanças. Não existe limite quando se busca um horizonte que é a plenitude da vida”, enalteceu.
Outros parceiros presentes foram a Pastoral Indigenista de Roraima, Pastoral Indigenista de Parintins, Conselho Regional das Missionárias da Consolata, Secretaria Regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Regional Norte I), Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), Companhia de Jesus (PAAM), Congregação das Irmãs Cordiamarianas, Rede Eclesial Panamazônica (REPAM), Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (SARES), Casa da Cultura do Urubuí (CACUI) e Ministério Público Federal (MPF).
Missionárias e missionários Regional Norte I
As equipes que compõem o Cimi Regional Norte I estão distribuídas no estado do Amazonas – Vale do Javari, Lábrea, Maici-Marmelos, Médio Solimões, Médio Juruá, Borba e São Paulo de Olivença. O Cimi também participa da equipe Itinerante, da Cáritas Arquidiocesana de Manaus e da Equipe de Apoio a Povos Indígenas Livres (Eapil). Em Roraima, sua atuação está em sintonia com a Pastoral Indigenista.
A assembleia acolheu mais três missionárias que realizaram sua formação básica e, agora, referendadas pelas demais equipes, Irmã Suzana Wilberth Kihoo, Jaíne de Souza Fidélix e Aila Nascimento dos Santos, seguem o caminho em suas respectivas bases Roraima, Borba e Lábrea.
“A Assembleia Regional foi um momento que conseguiu trazer e ouvir vários povos indígenas que vivem em uma conjuntura muito ameaçadora”
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45ª Assembleia do Cimi Regional Norte I Indígenas e a realidde de violencias vivida em seus territórios. Foto: Ligia Apel/Cimi Norte 1
Para Daniel Lima, integrante da equipe Lábrea que sintetizou o poder da missão em poesia, a ação missionária se traduz em “tecer a rede, tramar a trama, sentir a grama, tocar o chão e fazer missão. Tecer é ter e ser. Ser semente, ser da gente, ser potente. A causa que dá origem à vida, a causa que provoca a chuva, a causa que faz a flor. E assim entro, assim sigo, assim caminho. Sabor e saber; sentir e saborear: seguir o caminho”, homenageou Daniel.
Para Gilmara Fernandes, da coordenação colegiada do Cimi Norte I, “a Assembleia Regional foi um momento que conseguiu trazer e ouvir vários povos indígenas que vivem em uma conjuntura muito ameaçadora. Trazer a força deles para a construção do Bem Viver a partir das suas resistências, das suas lutas e da sua organização contribuiu com o esperançar e para refirmar o compromisso da luta em sua defesa e contra as invasões e empreendimentos que afetam suas vidas. Assembleia e Fórum das Equipes conseguiram olhar esses desafios e pensar estratégias de superação. Em tempos tão difíceis, torná-los tempos tão belos”, afirmou.
“Nós tivemos no passado vários povos, muitos indígenas que desapareceram na história do Brasil e nós não queremos que isso volte a acontecer”
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45ª Assembleia do Cimi Regional Norte I Indígenas e a realidde de violencias vivida em seus territórios. Foto: Ligia Apel/Cimi Norte 1
Dom Leonardo Steiner, presidente do Cimi, animou os participantes conclamando a missão para que o passado de extermínios dos povos indígenas não se repita. “Nós tivemos no passado vários povos, muitos indígenas que desapareceram na história do Brasil e nós não queremos que isso volte a acontecer. Estamos na igreja celebrando o ano jubilar, o ano da esperança. E [esse encontro] é uma oportunidade de nós nos ouvirmos, partilharmos os nossos sofrimentos para fazer crescer em nós a esperança. É a oportunidade para nós trocarmos ideias, mas ao mesmo tempo fazer crescer em nós a esperança. Nunca desanimarmos”, concluiu.