Cimi Regional Nordeste lamenta a morte do pajé Maninho Pankararu e celebra seu legado
Pajé Maninho morreu por volta das 4 horas da manhã nesta sexta (10) de causas naturais depois de passar os últimos meses enfermo
O povo Pankararu Angico, que há cerca de 15 anos retomou terras tradicionais às margens do Rio São Francisco, perdeu nesta sexta-feira (10) o pajé Maninho, que morreu por volta das 4 horas da manhã de causas naturais.
Pajé Maninho Pankararu Angico “ancestralizou” e agora segue seu caminho no mundo dos encantados protetores das aldeias e habitantes da natureza sagrada e das águas do velho rio. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Nordeste lamenta com pesar a morte, mas certo de que pajé Maninho cumpriu a sua missão.
Maninho faz parte da grande legião dos corajosos guerreiros indígenas que dedicaram sua vida em defesa dos direitos originários dos povos indígenas nesse grande nordeste de Abya Yala.
Homem destemido desde jovem, acompanhava o velho pajé e cacique João Thomaz de Entre Serras Pankararu como parte de um especial pelotão conhecido como “os levantadores de aldeia”.
Entre as décadas de 1970 e 1980, o grupo fortalecia o retorno de povos indígenas a territórios de ocupação tradicional ao longo do Rio São Francisco (o grande Opará), na Bahia e em Pernambuco, caso dos povos Pankararé e Kambiwá, a partir da “tradição”, um conceito próprio destes povos relativo ao sistema de rituais e relação com os encantados.
Nos últimos meses, Maninho vinha enfrentando problemas de saúde, mas estava lúcido e resiliente. Passou pelo Recife, no último mês de fevereiro, quando fez uma bateria de exames. O Cimi esteve com o pajé na Casa de Saúde Indígena (Casai). Na ocasião ele falou a respeito da luta na retomada, dos desafios, da sua história na tradição Pankararu e no levantamento de aldeias.
O Pajé Maninho hoje inicia sua caminhada no mundo espiritual reencontrando seus companheiros de jornada e fortalecendo a busca pela Justiça e reparação histórica.
Como ele mesmo falava: “a gente quando vive luta por aqui. Depois que fizermos a passagem, continuamos a luta mais forte, pois iremos fortalecer a luta pelo lugar em que chegarmos, e quando chamados, em momentos da tradição, retornaremos para dar um empurrãozinho nos que estiverem vivos e assustados”.
Pajé Maninho, presente! Em defesa do Grande Opará e pela declaração da inconstitucionalidade da Lei GENOCIDA 14.701/23.
Recife, 11 de maio de 2024.
Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Nordeste