18/10/2023

Nota de pesar pelo falecimento do cacique Darã Guarani

O Cimi manifesta pesar pelo falecimento do cacique Darã, importante liderança Tupi Guarani do estado de São Paulo que contribuiu de forma importante com a luta pelos direitos indígenas

Cacique Darã, de branco, em manifestação contra o PL 490 em junho de 2021. Foto: Adi Spezia/Cimi

Cacique Darã, de branco, em manifestação contra o PL 490 em junho de 2021. Foto: Adi Spezia/Cimi

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) manifesta pesar pela morte precoce de Antonísio Lulu, conhecido como cacique Darã, liderança Tupi Guarani do estado de São Paulo. Cacique Darã, falecido neste dia 18 de outubro, aos 57 anos, contribuiu significativamente com a luta em defesa dos direitos dos povos indígenas.

Desde muito jovem, Darã participou de lutas e mobilizações em defesa dos direitos de seu povo. Atuou, especialmente, na luta por direitos territoriais e na área de saúde, tendo participado das mobilizações e debates que resultaram na criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

Também foi um dos fundadores da Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (Arpin-Sudeste), organização de base da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Natural da aldeia Nimuendaju, na Terra Indígena (TI) Araribá, em Avaí (SP), ajudou a fundar, na mesma TI, a aldeia Tereguá, formada por indígenas dos povos Terena e Guarani.

Darã contribuiu também com a reconquista de territórios Guarani na região sudoeste do estado de São Paulo, de onde os Guarani foram expulsos no início do século XX. Nos anos de 2005 e 2006, participou ativamente da luta pela retomada das TIs Tekoha Pyahu e Barão de Antonina, no município de mesmo nome, e da TI Tekoá Porã, no município de Itaporanga (SP), da qual tornou-se liderança.

Ele também participou ativamente de diversas e importantes mobilizações nacionais em defesa dos direitos indígenas. Foi assim que, em 2021, teve papel fundamental na jornada de lutas que resultou no Levante pela Terra, grande mobilização que reuniu indígenas de todo o país na capital federal.

Na ocasião, apesar da pandemia, milhares de lideranças indígenas de todo o país participaram do acampamento, que se fixou na capital federal por cerca de dois meses e ajudou a atrair atenção nacional e internacional para a luta dos povos indígenas e para a mobilização contra a tese do marco temporal e retrocessos legislativos como o Projeto de Lei (PL) 490/2007.

A recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), na qual a tese do marco temporal foi derrotada, é também resultado dessas intensas mobilizações – que, em mais de uma ocasião, foram duramente reprimidas.

O Cimi solidariza-se com amigos, familiares, companheiros e companheiras de luta de Darã.

18 de outubro de 2023

Conselho Indigenista Missionário – Cimi

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