Mais um indígena é baleado na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão
Nessa quinta-feira (23), dois homens efetuaram disparos de arma de fogo contra um indígena e um não indígena da aldeia Toarizinho; as vítimas estão hospitalizadas em estado grave
Na noite dessa quinta-feira (23), mais um indígena foi vítima da escalada de violência na Terra Indígena (TI) Arariboia, no Maranhão: Jone Canaré Guajajara, filho do cacique Tomazinho Guajajara. Por volta das 19h, dois homens armados entraram na aldeia Toarizinho e efetuaram disparos de arma de fogo contra Canaré e outro rapaz, um não indígena que também mora na aldeia.
Até o momento, sabe-se que as vítimas foram levadas, em estado grave, para um hospital próximo ao território e estão sob cuidados médicos. As informações foram obtidas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – Regional Maranhão na manhã desta sexta-feira (24).
Ao Cimi Regional Maranhão, uma indígena – que terá a identidade preservada nesta matéria – denunciou o aumento de violência dentro e ao redor do território.
“A gente só pede que a Justiça aconteça, porque isso aí não é normal”
“Infelizmente essa é uma notícia triste, ainda mais por se tratar de uma pessoa próxima. A gente só pede que a Justiça aconteça, porque isso aí não é normal. O que está acontecendo nessa região é um genocídio. Está muito violento, muito perigoso para todos nós, principalmente em Arame”, lamenta.
Escalada de violência
No dia 7 de fevereiro deste ano, o Cimi publicou uma matéria sobre os casos mais recentes de violência que ocorreram no Maranhão. Apenas no mês de janeiro – entre os dias 9 e 31 –, foram cinco ataques – resultando em três mortes (incluindo um não indígena casado com uma indígena Guajajara) e duas pessoas gravemente feridas.
Das cinco vítimas, quatro eram da TI Arariboia. O território, que é ocupado por diversas aldeias do povo Guajajara e por indígenas do povo Awá em isolamento voluntário, sofre com crônicos ataques de madeireiros e caçadores. A outra vítima morava na TI Cana Brava (MA).
À época, o coordenador do Cimi Regional Maranhão, Gilderlan Rodrigues, afirmara que todos esses casos revelam uma “falha nas operações” e omissão.
“É preciso melhorar a forma que conduzem as investigações desses casos. Quando há omissão, o contexto é ainda pior. Os casos de assassinatos não são investigados e os culpados não são punidos. E, cada vez mais, esses conflitos vão aumentando”, afirma Gilderlan.
“É preciso melhorar a forma que conduzem as investigações desses casos. Quando há omissão, o contexto é ainda pior”
Entre 2003 e 2021, a plataforma Caci, que mapeia os casos sistematizados pelo relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, do Cimi, registra 50 assassinatos de indígenas do povo Guajajara no Maranhão; destes, 21 eram indígenas da TI Arariboia.