Durante visita ao Vaticano, o bispo da Diocese de Chapecó (SC), Dom Odelir José Magri, entregou ao Papa Francisco uma cópia do relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2021, publicado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O relatório foi entregue na sexta-feira, dia 28 de outubro.

O encontro e a entrega da publicação do Cimi ocorreram durante a visita ad limina apostolorum dos bispos do regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que compreende o estado de Santa Catarina.

“Foi um momento muito especial para todos nós”, relata Dom Odelir. “Na sexta-feira de manhã, tivemos a alegria do encontro tão esperado com nosso querido Papa Francisco. E foi nesse encontro que eu entreguei, em nome do Cimi, o relatório sobre a violência contra os indígenas no ano de 2021”.

O encontro do Papa com os bispos do regional Sul 4 da CNBB durou cerca de uma hora e meia e foi marcada por uma conversa franca, aberta e respeitosa, explica Dom Odelir.

“Foi uma experiência fantástica, bonita, o encontro que fizemos, sentados na roda com ele. Falamos sobre a realidade do nosso regional, das nossas dioceses, dos desafios pastorais, tendo sentido a proximidade do sucessor de Pedro, nesse caminho bonito de sinodalidade e da caminhada da Igreja do nosso regional”.

“Foi um momento muito especial para todos nós”

O relatório

O relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil é publicado anualmente pelo Cimi e sistematiza informações sobre as diversas violências e violações praticadas contra as vidas, territórios e direitos dos povos originários em todo o país.

A edição com os dados de 2021 foi publicada em agosto deste ano e apresentou um retrato da realidade devastadora do terceiro ano do governo Bolsonaro para os povos indígenas no país, marcado pelo aprofundamento e pela dramática intensificação das invasões de terras e dos ataques contra comunidades e lideranças indígenas.

O acirramento de conflitos registrado pela publicação indica que a situação nos territórios e comunidades indígenas refletiu o ambiente institucional de ofensiva contra os direitos constitucionais dos povos originários. O relatório está disponível na íntegra no site do Cimi.

Peregrinação

As visitas ad limina Apostolorum acontecem a cada cinco anos. Segundo a tradição, durante essa peregrinação a Roma – que significa no liminar, na soleira, nos limites ou estradas das Basílicas dos Apóstolos Pedro e Paulo – os bispos diocesanos visitam os sepulcros dos Apóstolos conservados na Cidade de Roma.

O ponto alto da visita é o encontro com o Papa. Os bispos também têm reuniões nos vários Dicastérios da Santa Sé. No Brasil, a visita é dividida de acordo com os 19 regionais que compõem a CNBB.

O Regional Sul 4 encerrou o ciclo de visitas iniciado em fevereiro de 2020, interrompido durante a pandemia e retomado neste ano de 2022. Por meio dos encontros com os bispos, o Papa Francisco entrou em contato com a realidade múltipla e diversa do Brasil.