26/10/2022

Filme sobre a luta pela terra dos Kaiowá e Guarani é exibido na UFGD e Universidade de Cardiff

Documentário Tempo de Guavira mostra relação dos Kaiowá e Guarani com suas terras em Mato Grosso do Sul; projeção simultânea na UFGD e na Universidade de Cardiff terá transmissão online

Ñanderu Leonel Lopes (Ava Vera Rendy) caminha para fora de casa de reza no tekoha Kurusu Amba II, retratado no documentário Tempo de Guavira. Foto: Lucas Landau

Ñanderu Leonel Lopes (Ava Vera Rendy) caminha para fora de casa de reza no tekoha Kurusu Amba II, retratado no documentário Tempo de Guavira. Foto: Lucas Landau

Por Assessoria de Comunicação – Tempo de Guavira

Um retrato plural da luta dos Kaiowá e Guarani pela terra no sul de Mato Grosso do Sul chega nesta quarta-feira (26/10) às telas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e da Universidade de Cardiff (UCardiff).

Com foco no média-metragem “Tempo de Guavira”, lançado em 2021, a projeção seguida de roda de conversa conta com a participação de lideranças indígenas, professores e estudantes da UFGD, além da mediação de pesquisadores de outras universidades. A atividade será transmitida ao vivo para o público brasileiro e britânico através da plataforma Zoom e, a partir desta quarta, o filme também fica disponível para o público geral no YouTube.

Eliel Benites, diretor da Faind/UFGD e geógrafo do povo Kaiowá que participou da produção audiovisual, apresenta sua experiência junto a dois dos mais de 40 entrevistados do filme: Inaye Gomes Lopes, historiadora kaiowá e liderança da Terra Indígena (TI) Ñanderu Marangatu, e da jovem liderança Lucas Mitã Ñengatu, que faz parte da Retomada Aty Jovem (RAJ) e da aldeia Tajasu Ygua, na TI Panambi/Lagoa Rica. As antropólogas Aline Crespe, que é docente na UFGD, e Tatiane Klein, que é doutoranda na Universidade de São Paulo (USP) também compõem a mesa, junto ao geógrafo Antonio Ioris, professor na UCardiff.

A atividade faz parte da programação do Festival de Ciências Sociais (FoSS), promovido na UCardiff pelo Conselho de Pesquisa Econômica e Social do Reino Unido (ESRC) e, no Brasil, foi organizada pela Faculdade Intercultural Indígena Teko Arandu, pelos Programas de Pós-Graduação em Antropologia e em Educação e Territorialidade da UFGD, além da Rede de Apoio e Incentivo Socioambiental (RAIS).

No documentário, realizado por um coletivo de pesquisadores, jornalistas e lideranças indígenas, as narrativas de recuperação dos tekoha, as terras tradicionais dos Kaiowá e Guarani, são apresentadas pelos próprios indígenas, que participaram das filmagens em 2018, logo após a eleição de Jair Bolsonaro.

“Quero que este trabalho seja divulgado e que possa garantir os direitos dos povos indígenas aos seus territórios tradicionais e dos Kaiowá e Guarani do Mato Grosso do Sul”, pede Leila Rocha, que desde 2012 luta pelo reconhecimento da Terra Indígena (TI) Yvy Katu. Na época da eleição de Bolsonaro, havia um temor pela segurança das comunidades kaiowá e guarani. “Isso fez um grande sofrimento que vem sobre nós, e cada vez mais está piorando”, avalia Leila. Desde então, as demarcações de TIs estão paralisadas e os ataques continuam frequentes.

Assista:

Mutirão de pesquisa

Desde o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e a posterior eleição de Jair Bolsonaro à presidência da República, as comunidades indígena em Mato Grosso do Sul assistem a um aumento das ações de reintegração de posse, despejos ilegais e ataques, incentivados e comemorados por fazendeiros, sindicatos rurais e políticos contrários à demarcação de TIs.

Por isso, entre novembro e dezembro de 2018, durante o tempo de amadurecimento da guavira, fruta tradicional para os Kaiowá e Guarani, uma equipe de pesquisadores indígenas e não indígenas realizaram trabalho de campo e registros audiovisuais em 46 dessas terras, privilegiando aquelas que ainda não foram demarcadas ou que estão em processo de reconhecimento.

“Esse trabalho teve uma certa metodologia, consistindo no registro de cada tekoha. Posteriormente, este conjunto de informações irá contribuir com as comunidades com informações sobre as áreas habitadas, especialmente as áreas de retomadas”, avalia o professor kaiowá Eliel Benites, que integrou a equipe de pesquisa e é diretor da Faind/UFGD. “É um registro que vai ficar para a história”, completa.

A pesquisa que resultou no documentário foi desenvolvida pela Rede de Apoio e Incentivo Socioambiental (RAIS), pela Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e pela Aty Guasu, grande assembleia dos povos Kaiowá e Guarani, e contou com o apoio da DKA Áustria e da Cardiff University.

 

Ficha técnica / Tempo de Guavira

Documentário, cor, 47 min

Realização: Rede de Apoio e Incentivo Socioambiental (RAIS), Aty Guasu, Conselho Indigenista Missionário (CIMI/MS)

Apoio: DKA Austria, Cardiff University e Misereor

Direção, roteiro e montagem: Pedro Biava

Imagens: Arnulfo Morínigo, Carolina Fasolo, Eliel Benites, Isabel Harari, Lucas Landau, Pedro Biava, Rafael Nakamura, Tatiane Klein

Produção executiva: Lauriene Seraguza, Maria Aparecida Mendes, Rosa Colman, Tatiane Klein
Pesquisa: Aline Crespe, Arnulfo Morínigo, Claudia Delboni, Dyna Vanessa Vera, Eliel Benites, Eliseu Lopes, Elizeu Cristaldo, Flavio Machado, Holanda Vera, Inaye Gomes Lopes, Jânio Avalo, Lauriene Seraguza, Leila Rocha, Levi Marques Pereira, Lidia Farias, Maria Aparecida Mendes de Oliveira, Maria Celina Cepre, Maria Gabriela Guillen Carias, Rosa Sebastiana Colman, Tatiane Klein, Voninho Benites Pedro
Identidade visual: Larissa Nissi e Manuela d’Albertas (Lari+Manu Design Gráfico)

Tradução: Rosa Colman e Arnulfo Morínigo

 

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