22/05/2022

Lideranças Guarani de Yvy Katu relatam ameaças de fazendeiros que pressionam por arrendamento, em Japorã (MS)

Segundo lideranças, na noite deste sábado (21), veículos de fazendeiros circularam pela comunidade, ameaçando, efetuando disparos de armas de fogo e ordenando a saída das famílias indígenas

Na noite deste sábado (21), veículos de fazendeiros circularam ao redor das casas da comunidade, ameaçando, efetuando disparos de armas de fogo e ordenando a saída das famílias indígenas. Foto: comunidade do Yvy Katu

Na noite deste sábado (21), veículos de fazendeiros circularam ao redor das casas da comunidade, ameaçando, efetuando disparos de armas de fogo e ordenando a saída das famílias indígenas. Foto: comunidade do Yvy Katu

Na noite deste sábado, 21 de maio de 2022, lideranças da comunidade da Terra Indígena (TI) Yvy Katu, localizada no município de Japorã (MS), foram ameaçadas por homens armados, que pressionaram as famílias Guarani Nhandeva a ceder suas terras para o arrendamento. Esta é uma prática criminosa incentivada pelo governo Bolsonaro e autoridades locais.

A área do iminente conflito foi retomado pela comunidade em 2013 e é moradia histórica de famílias que colocaram sua própria vida em risco para garantir o direito originário ao seu território.

Kunha Poty é uma das lideranças que tem denunciado há tempos as invasões ao seu território por arrendamentos e que pede insistentemente ajuda das autoridades por conta das ameaças sofridas.

A situação piorou depois que um conjunto de famílias de Yvy Katu denunciou o arrendamento de terra para o plantio de monocultivo de soja durante a Aty Guasu, a Grande Assembleia dos povos Kaiowá e Guarani, realizada entre os dias 17 e 21 de maio em Guaimbé.

As lideranças relatam que, enquanto estavam na assembleia, a mata nativa da área foi derrubada e lavrada para o arrendamento, inclusive  os insumos agrícolas foram estocados na terra em que vivem as famílias indígenas.

Segundo o relato das lideranças, dezenas de caminhonetes de fazendeiros circularam ao redor das casas, efetuando disparos e ordenando a saída das famílias.

Ainda segundo as lideranças, paraguaios estariam entre os integrantes do grupo armado, efetuando ameaças: “se vocês não aceitarem o plantio serão mortos”. Eles também efetuaram disparos de armas de fogo.

A situação é de extrema tensão e perigo, e as autoridades têm o dever de proteger as lideranças ameaçadas e investigar as ameaças e invasões da terra indígena.

O acesso à comunidade se dá pela rodovia MS-386, que foi recentemente asfaltada e oferece possibilidade de ataques as famílias. Isso exige ação protetiva urgente destas famílias indefesas.

Campo Grande, 21 de maio de 2022

Cimi Regional Mato Grosso do Sul

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