01/04/2022

Ditadura nunca mais: para que nunca se esqueça

Para denunciar as violências e exaltar a resistência milenar dos povos indígenas diante de tantos massacres, a Apib compartilha um texto da liderança Célia Xakriabá: ditadura nunca mais!

Foto: Mídia Ninja

Foto: Mídia Ninja

Por Assessoria de Comunicação da Apib

Hoje, 31 de abril, lembramos um período da história que queremos que jamais se repita. Nesta mesma data, em 1964, a ditadura civil-militar foi instaurada no Brasil por um golpe contra o governo de João Goulart. De acordo com relatório da Comissão Nacional da Verdade, mais de 8.300 indígenas foram assassinados durante a ditadura. Um genocídio que marcou a história recente do Brasil e que jamais deve ser esquecido.

Para denunciar as violências e exaltar a resistência milenar dos povos indígenas diante de tantos massacres, compartilhamos texto da liderança Célia Xakriabá e reforçamos: Ditadura Nunca Mais!

Na invasão deste país,

Fomos vítimas nesta trama

Não sei se chamo de Brasil

Ou se chamo pindorama.

São lutas e muitas dores

Que ficaram marcadas na memória

Seja negro ou indígena

Protagonista nesta história.

 

A primeira intervenção militar foi em 1500

E não em 1964 na época da ditadura,

Nós indígenas resistimos a tudo isso,

Porque a final somente quem tem cicatrizes sabe o remédio que cura.

 

O Brasil não é apenas verde e amarelo

É também cor de terra, é vermelho,

Quando na ditadura derramaram sangue de nossos povos, que do Brasil são os primeiros.

 

Muita história foi recoberta

Da violência cometida aos nossos povos guerreiros,

Somente veio a tona o massacre dos povos indígenas

Da denúncia pelo relatório Figueiredo.

 

Resistimos 519 anos

Porque somos um povo que na espiritualidade acredita,

Recontamos a história recoberta

De que a miscigenação não foi pacífica.

 

O plano da ditadura da supremacia branca

Estratégia de extermínio da diversidade

Aquele que não fosse civilizado

Não tinha lugar nesta sociedade.

 

Assim traquinava o extermínio linguístico

Era um plano de emboscada

Não era considerada língua

Aquela que não fosse civilizada.

Suicidaram muitas línguas

Impostas por forasteiros

Neste plano de civilização

Tem privilégio o estrangeiro.

 

Plano religioso

Seguido pela catequização

Dizia que não tinha alma

Aquele que não fosse cristão.

 

Demonizavam os rituais

Não respeitavam nossa crença

Junto como projeto de modernidade

Também dizimaram nosso povo com doenças.

 

Seguindo este projeto de sociedade

Foi projetado o plano da economia

Gerenciada pelo capitalismo

Foi o extermínio da harmonia.

 

Nós fazemos a diferença

Na luta nós somos fermento,

Nós sofremos o primeiro golpe no ano de 1500

 

O Plano mais perigoso

Culmina-se no plano político

Da ditadura de um governo

Do país ter um domínio.

 

Da herança desta história

Do projeto de colonização

Atualmente sofremos outro extermínio

Chamado golpe a democratização!

Share this:
Tags: