Ditadura nunca mais: para que nunca se esqueça
Para denunciar as violências e exaltar a resistência milenar dos povos indígenas diante de tantos massacres, a Apib compartilha um texto da liderança Célia Xakriabá: ditadura nunca mais!
Hoje, 31 de abril, lembramos um período da história que queremos que jamais se repita. Nesta mesma data, em 1964, a ditadura civil-militar foi instaurada no Brasil por um golpe contra o governo de João Goulart. De acordo com relatório da Comissão Nacional da Verdade, mais de 8.300 indígenas foram assassinados durante a ditadura. Um genocídio que marcou a história recente do Brasil e que jamais deve ser esquecido.
Para denunciar as violências e exaltar a resistência milenar dos povos indígenas diante de tantos massacres, compartilhamos texto da liderança Célia Xakriabá e reforçamos: Ditadura Nunca Mais!
Na invasão deste país,
Fomos vítimas nesta trama
Não sei se chamo de Brasil
Ou se chamo pindorama.
São lutas e muitas dores
Que ficaram marcadas na memória
Seja negro ou indígena
Protagonista nesta história.
A primeira intervenção militar foi em 1500
E não em 1964 na época da ditadura,
Nós indígenas resistimos a tudo isso,
Porque a final somente quem tem cicatrizes sabe o remédio que cura.
O Brasil não é apenas verde e amarelo
É também cor de terra, é vermelho,
Quando na ditadura derramaram sangue de nossos povos, que do Brasil são os primeiros.
Muita história foi recoberta
Da violência cometida aos nossos povos guerreiros,
Somente veio a tona o massacre dos povos indígenas
Da denúncia pelo relatório Figueiredo.
Resistimos 519 anos
Porque somos um povo que na espiritualidade acredita,
Recontamos a história recoberta
De que a miscigenação não foi pacífica.
O plano da ditadura da supremacia branca
Estratégia de extermínio da diversidade
Aquele que não fosse civilizado
Não tinha lugar nesta sociedade.
Assim traquinava o extermínio linguístico
Era um plano de emboscada
Não era considerada língua
Aquela que não fosse civilizada.
Suicidaram muitas línguas
Impostas por forasteiros
Neste plano de civilização
Tem privilégio o estrangeiro.
Plano religioso
Seguido pela catequização
Dizia que não tinha alma
Aquele que não fosse cristão.
Demonizavam os rituais
Não respeitavam nossa crença
Junto como projeto de modernidade
Também dizimaram nosso povo com doenças.
Seguindo este projeto de sociedade
Foi projetado o plano da economia
Gerenciada pelo capitalismo
Foi o extermínio da harmonia.
Nós fazemos a diferença
Na luta nós somos fermento,
Nós sofremos o primeiro golpe no ano de 1500
O Plano mais perigoso
Culmina-se no plano político
Da ditadura de um governo
Do país ter um domínio.
Da herança desta história
Do projeto de colonização
Atualmente sofremos outro extermínio
Chamado golpe a democratização!