É com muita tristeza que o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Maranhão recebe a notícia do falecimento do ancião Chico Krenyê. Quando criança, “seu Chico” caminhou junto com seus familiares da Pedra Salgado, em Vitorino Freire, no Maranhão, até a sede do então Sistema de Proteção ao Índio (SPI), na capital São Luís. A família veio pedir ajuda para permanecer no seu território, invadido por criadores de gado e assolado por uma epidemia de sarampo. Desejavam permanecer vivos, eram os anos 60. Foi uma vinda sem volta ao território ancestral.

Seu Chico carregou no corpo e na alma as marcas da colonização que deixaram feridas abertas em seu povo. Guardou as memórias dos seus ancestrais e as narrativas de origem do Povo Krenyê, as histórias do modo de ser e de viver antes de serem expulsos do território ancestral pelo sarampo e pelas frentes de gado.

Seu Chico continuou a sonhar com a terra. E, em 2018, teve a graça de ver o povo reconquistar a terra, por meio da compra pelo Estado, no município de Tumtum, no Maranhão. Agora um território comum após anos de perambulação em terras alheias e nas periferias das cidades.

Na Língua Krenyê, seu Chico era chamado de Pôp, que significa poraquê, o peixe elétrico. No dia de hoje, a energia desse coração guerreiro descarregou, para encher os nossos corações de tristeza e saudade.

Krenyê significa Maracanã do Campo, e como um maracanã do campo, ele bateu asas e partiu para a morada encantada Krenyê. Sentiremos saudades de sua alegria, de sua vontade de viver e de sua sabedoria.

O Cimi, em seus 50 anos, é grato por poder compartilhar a luta Krenyê, por ter estado ao lado dele e do povo Krenyê na luta para reconquistar a terra comum, território do Bem Viver. Viva seu Chico! Viva Pôp Krenyê! Semente plantada!