Nota de Pesar: Cacique Damásio Belizário Gavião
O fundador da aldeia Rubiácea, na TI Governador, município de Amarante (MA), foi a óbito depois de uma piora no quadro de saúde; seu Damásio ficou conhecido por sempre lutar pela garantia dos direitos indígenas
O Conselho Indigenista Missionário – Regional Maranhão, vem a público expressar seu pesar pelo falecimento, na manhã de 18 de outubro, de Damásio Belizário Gavião, cacique e fundador da Aldeia Rubiácea, Terra Indígena Governador, município de Amarante, no Maranhão (MA). Ele foi a óbito depois de uma piora no quadro de saúde.
Seu Damásio, como era conhecido, lutava pela nova demarcação da Terra Indígena Governador desde o ano de 2004. Ele, ao lado de sua comunidade e em articulação com outras lideranças indígenas, dedicou-se incansavelmente na luta para que áreas importantes do território que não foram demarcadas, retornassem para o povo. Sua luta histórica vem desde a primeira demarcação, em 1976, quando ocorreu o ataque de um fazendeiro “paulista” na aldeia Rubiácea.
Seu Damásio sempre se empenhou no sentido de ter assegurado os direitos indígenas específicos e diferenciados, especialmente aqueles relativos à assistência em saúde, educação, à demarcação da terra e às demais garantias constitucionais vinculadas à cultura, à organização social, à religiosidade e ao modo de ser Pyhcop Catiji/Gavião.
Seu Damásio desempenhou importante função como cacique, guardião da cultura e liderança indígena, especialmente na promoção e realização de encontros de caciques e de rituais sagrados. Ele conseguiu, enquanto esteve bem de saúde, desenvolver as funções de caciques, de liderança indígena e de articulador político junto às demais comunidades indígenas em suas reivindicações pelos direitos à terra e às políticas públicas.
A partir do ano de 2014, depois de ser diagnosticado com diabetes e hipertensão, ficou com a saúde comprometida. Mas, mesmo assim, manteve-se firme em seus propósitos de vida: a garantia da terra para seu povo, melhorias na implementação da educação escolar indígena nas aldeias e a implementação de ações e de mobilizações conjuntas pelo Bem Viver.
Seu Damásio, enquanto pôde, exerceu com firmeza o propósito de lutar pela garantia de seus espaços de vida, e exigiu reconhecimento, respeito e, incansavelmente, lutou contra as invasões do território.
Seu Damásio parte agora para a vida eterna, ao lado de seu amigo cacique José Brasil, e nós, que ainda permanecemos, realizamos junto ao povo o choro ritual nesse momento de profunda dor. Mas seguiremos lutando pelo território e o Bem Viver.