Dom Mário Antônio da Silva denuncia “a omissão e negligência das autoridades” frente ao garimpo ilegal na TI Yanomami
Numa carta à Igreja e ao povo de Roraima, o bispo denuncia que “poucas providências foram tomadas da parte dos órgãos responsáveis para garantir a vida e a integridade” dos indígenas
Os ataques que sofre o povo Yanomami por parte do garimpo ilegal, especialmente desde o dia 10 de maio passado, em que aconteceu um tiroteio contra a aldeia Palimiú, têm sido motivo de repulsa por parte da diocese de Roraima.
Numa Carta à Igreja e ao povo de Roraima, Dom Mário Antônio da Silva denuncia que diante dos ataques, que se repetiram nos dias seguintes, “poucas providências foram tomadas da parte dos órgãos responsáveis para garantir a vida e a integridade da comunidade”.
O bispo denuncia o garimpo ilegal em Roraima, “que nos últimos anos cresceu com a anuência dos poderes legislativo e executivo, inclusive com projetos de lei tentando validade e reconhecimento”. O segundo vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lembra as palavras da última assembleia, onde aparece a necessidade de se posicionar “quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada”.
Por isso, Dom Mário Antônio afirma que “o garimpo nas terras indígenas é uma atividade ilegal que não pode ser acobertada”, pois ela traz violência e provoca estragos à Casa Comum. Diante da presença de mais ou menos 20 mil garimpeiros na Terra Indígena Yanomami, o bispo se pergunta quem está atrás e quem se enriquece realmente com isso.
O bispo de Roraima considera inaceitáveis “a omissão e negligência das autoridades”, dado que “a proteção dos territórios indígenas é uma obrigação constitucional”, denunciando que “há um descumprimento sistemático por parte da União frente as suas obrigações, tornando-se assim principal cúmplice da violência, da depredação e da ilegalidade”, pedindo a ação urgente das autoridades.
Dom Mário Antônio pede “espaços de diálogo e caminhos de futuro que não passem pela degradação ambiental, pela agressão e violência aos povos indígenas e seus territórios”.
A carta finaliza manifestando a “profunda solidariedade com os Yanomami e os Ye´kwana” e todos os povos indígenas de Roraima, que estão sofrendo com o garimpo, lhes mostrando que “vocês não estão sozinhos, vamos juntos”.
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