26/04/2021

Evento paralelo ao Fórum da ONU sobre Questões Indígenas discute direitos humanos do povo Guarani na América do Sul

Atividade paralela à 20ª Sessão do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas ocorre nesta segunda (26), a partir das 15h

Por Assessoria de Comunicação do Cimi

Nesta segunda-feira (26), um evento paralelo à 20ª Sessão do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas reúne representantes do povo Guarani de quatros países da América do Sul. O encontro, que ocorre das 15h às 16h30 (horário de Brasília), é uma oportunidade de diálogo sobre os direitos humanos e sobre a busca de justiça e paz para este povo.

A atividade online, com o tema “Desterritorialização, livre determinação e pandemia, a situação dos direitos humanos dos Povos Guarani na América do Sul”, é organizada pelo Conselho Continental da Nação Guarani (CCNAGUA) e conta com o apoio da rede indigenista Guarani nos quatro países.

Com a participação de lideranças das principais organizações Guarani da Argentina, da Bolívia, do Brasil e do Paraguai, o evento é aberto ao público e será transmitido pelo Facebook do Conselho Indigenista Missionário – Cimi e das organizações participantes.

O objetivo do encontro é ser um espaço de diálogo entre os povos Guarani e de discussão sobre a livre determinação e o enfrentamento à pandemia por parte deste povo. Também serão discutidos os riscos que os indígenas Guarani sofrem como defensores de direitos humanos, na luta por justiça e para manterem seu modo de vida.

A intenção é alertar a comunidade internacional sobre a situação do Guarani no continente, denunciando o aumento do discurso de ódio contra essas comunidades, situação que se intensificou com o surgimento de governos populistas de extrema direita na região.

Confira os participantes do evento sobre os direitos do povo guarani:

Argentina:

  • Sra. Jorgelina Duarte, Mbya (Misiones) – Coordenadora da Aty Ñechyro
  • Sr. Rene Malu, Guarani (Jujuy) – Conselheiro da Mburuvicha Guasu Iyanbae

 Brasil:

  • Sr. Otoniel Ricardo, Guarani (MS) – conselheiro da Aty Guasu Kaiowá e Guarani
  • Sra. Celso Alves, Mbya (PR) – coordenador da Comissão Yvy Rupá

 Bolívia:

  • Sr. Demetrio Romero, Guarani – presidente da CONAIOC
  • Sra. Margoth Changaray, Guarani – responsável pela autonomía da APG

 Paraguai:

  • Sr. Alberto Ayala, Mbya – presidente de Acidi y Fapi
  • Sra. Angela Sales, Ava, coordenadora da Kuña Aty

A 20ª edição do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas ocorre entre os dias 19 e 30 de abril de 2020, com a participação de organizações indígenas e indigenistas do mundo todo. O Cimi, organização com status consultivo na ONU, participará de uma série de atividades e debates da programação oficial, garantindo espaços de fala a lideranças indígenas do Brasil e da América Latina, e realizando outras atividades paralelas.

Contexto dos povos Guarani na América do Sul

Os Guarani são um dos maiores povos indígenas da América do Sul, com mais de 280 mil pessoas distribuídas em quatro países, e enfrentam diversos desafios comuns na sua busca por justiça e pelo Teko Porã (Bem Viver, Paz). Territórios sagrados historicamente invadidos e altas taxas de suicídio entre as populações mais jovens são aspectos que tornam a realidade dessas comunidades uma das mais graves nesta região do cone sul das Américas.

São inúmeras as negligências que os Estados Nacionais cometem contra esses povos. Os mecanismos criados pelos Estados para garantir a participação nos processos de tomada de decisão ainda são inadequados. Na prática, continuam a servir como instrumentos coloniais, de exploração e integração.

Grande parte das 1.600 comunidades Guarani do continente ainda não possuem território garantido, o que causa um alto índice de migração para as grandes cidades vizinhas em busca da sobrevivência de suas famílias.

No Brasil, a comunidade mais populosa Guarani, na Reserva de Dourados, no Mato Grosso do Sul, tem mais de 18 mil habitantes vivendo em apenas 3,5 mil hectares, e altos índices de violência generalizada e sistêmica. Neste país, muitas comunidades Guarani sobrevivem à beira de estradas ou na periferia das cidades, sem condições de um futuro digno. Seus processos de luta e autodemarcação são notavelmente marcados pelo sangue derramado por suas lideranças ao longo da história.

Na Argentina, como em outros lugares, os Guarani sobrevivem em territórios com imensas dificuldades de reconhecimento, o que os força a migrar indefinidamente de tempos em tempos.

No Paraguai, os Guarani estão cada vez mais presentes na cidade de Assunção, deslocados devido à falta de terras garantidas. Recentemente, protestos tomaram conta das ruas de Assunção e uma parte importante das manifestações foi formada por indígenas do povo Guarani, em luta por seus direitos.

Por fim, na Bolívia, os Guarani compartilham uma experiência única como território autônomo, porém, os desafios são muitos, principalmente com a pandemia e os diversos processos políticos pelos quais passou o país nos últimos tempos.

 

Serviço

“Desterritorialização, autodeterminação e pandemia, a situação dos direitos humanos dos Povos Guarani na América do Sul”

Evento paralelo à 20ª Sessão do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas

Data: 26 de abril de 2021

Horário: 15h às 16h30 (horário de Brasília e Buenos Aires)

14h às 15h30 (horário de La Paz, Assunção e Dourados)

Para participar: https://zoom.us/j/99871882807

Para assistir: acompanhe no Facebook do Cimi e na página das demais organizações proponentes

 

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