28/08/2020

Retomada Guarani e Kaiowá sofre intimidação no MS

De acordo com lideranças, fazendeira incitou polícia a praticar ordem de despejo sem decisão judicial

Indígenas foram surpreendidos por ação violenta no MS esta semana. Foto: povo Guarani Kaiowá

Por Nanda Barreto, da Assessoria de Comunicação do Cimi

A Força Nacional chegou apontando armas para indígenas do Tekoha Yvy Rovy Poty na última terça-feira (25). Eram 10h quando quatro viaturas chegaram à retomada Guarani e Kaiowá, localizada na zona limítrofe à Reserva Indígena de Dourados, no Mato Grosso do Sul (MS). Retomada pelos indígenas, a área está sendo disputada judicialmente e, de acordo com lideranças locais, a proprietária incitou a ação policial – pois pretendia um despejo forçado e ilegal. 

As audiências de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF) estão suspensas por conta da pandemia e a fazendeira tentou passar por cima da justiça. De acordo com lideranças, a ação foi truculenta. “Ela já chegou mandando queimar as nossas casas. Eles podiam ter mandado um papel pra nós, não precisava chegar desse jeito. Nós temos muitas crianças aqui. Ficamos muito assustados”, contou um indígena, que prefere não se identificar. 

De acordo com a comunidade, não é a primeira vez que este tipo de violência acontece. “A polícia já chegou atirando uma outra vez. Não precisa disso. Conversando a gente se entende”, ressaltam, acrescentando que também vivem idosos e grávidas no Tekoha. “Ficou todo mundo assustado. Foi uma gritaria”. 

Violência histórica
Os indígenas encaminharam uma carta de próprio punho ao Ministério Público Federal, pedindo segurança. O documento foi apresentado também em reunião realizada com urgência pela Aty Guasu, Grande Assembleia Guarani Kaiowá, nesta sexta-feira (28).

A organização decidiu monitorar a situação de perto, visto que envolve uma família de grande poder político e econômico na região, colocando os indígenas em situação de maior vulnerabilidade. O caso acende um alerta pois existe um histórico de conflitos na região, inclusive com tortura e assassinato, como pode ser lido aqui e aqui, na cobertura feita pelo Cimi.

Em carta manuscrita, indígenas denunciam a violência e cobram autoridades

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