13/07/2020

Posseiro atira contra indígena Kokama na frente de uma criança

Povo Kokama denunciou à polícia disparo e ameaças contra indígenas na bacia do rio Javari

Aldeia São Pedro do Norte, bacia do rio Javari. Foto: equipe Vale do Javari/Cimi Regional Norte I

Aldeia São Pedro do Norte, bacia do rio Javari. Foto: equipe Vale do Javari/Cimi Regional Norte I

Por José Rosha, da Assessoria de Comunicação do Cimi Norte I

Um indígena do povo Kokama, morador da aldeia São Pedro, na bacia do rio Javari, foi ameaçado de morte por um posseiro conhecido pelo apelido de “Miguelzinho”. De acordo com Boletim de Ocorrência registrado em 5 de junho na Delegacia de Atalaia do Norte (AM), o posseiro teria feito o disparo contra o indígena que estava acompanhado pelo filho de quatro anos de idade e um sobrinho de 13. O tiro teria sido disparado a cerca de um metro e meio de distância.

Conforme relato feito pela Organização Indígena do Povo Kokama do Vale do Javari (Orinpokovaja), o fato aconteceu no dia 28 de maio passado. Por volta das nove horas da manhã Daniel Tello Murajari, Kokama de 25 anos de idade, da aldeia São Pedro do Norte, estava a caminho da sua roça, acompanhado do seu filho e de seu sobrinho. A certa altura, eles foram abordados por um morador não indígena conhecido pelo apelido de “Miguelzinho”. Na ocasião, o posseiro portava uma espingarda.

Conforme relatou Daniel, o posseiro o proibiu de seguir para a roça alegando que o roçado lhe pertencia. Daniel tentou argumentar dizendo que o seu pai trabalha há mais de 20 anos naquele local. Nesse momento, o posseiro teria efetuado um disparo entre a criança e Daniel. Após o disparo, o posseiro advertiu a Daniel que se voltasse para a roça seria morto.

O caso foi comunicado às lideranças da aldeia, à Delegacia de Polícia de Atalaia do Norte e à Coordenação Técnica Local (CTL) da Fundação Nacional do Índio (Funai). A Coordenação da CTL foi questionada sobre o assunto, mas até o final do dia 13 de julho não se manifestou sobre nossos questionamentos.

As lideranças da organização indígenas pedem providências para que cessem as hostilidades por parte dos moradores não indígenas da localidade.

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