Nota do Cimi Regional Sul acerca do aumento devastador dos casos de covid-19 no norte e noroeste gaúchos
Os casos de covid-19 aumentam de modo assustador entre os Kaingang, especialmente nas terras indígenas do norte e noroeste do Rio Grande do Sul
O Conselho Indigenista Missionário – Cimi Regional Sul vem a público manifestar suas preocupações com a situação dos povos indígenas na região Sul. Os casos de contágio por covid-19 aumentam de modo assustador e devastador entre os Kaingang, especialmente nas terras indígenas do norte e noroeste do Rio Grande do Sul.
As informações das comunidades dão conta de que há uma grave limitação no atendimento por parte das já fragilizadas equipes da Sesai, pois estas contam com poucos profissionais e muitos deles adoeceram ao longo das últimas semanas e não há substituição por parte do órgão gestor. Com isso, as famílias indígenas estão submetidas a uma condição de absoluta vulnerabilidade. Há, nesse sentido, algumas atitudes a serem adotadas, e dentre elas urge uma intervenção sanitária naquelas aldeias mais afetadas, bem como a necessária ampliação do número de equipes e profissionais de saúde. E, para além dessas emergências, há que se implementar as seguintes medidas para a atenção e atendimento qualificado à saúde dos povos indígenas:
- Fortalecimento do protagonismo indígena no planejamento, implementação e execução da política de saúde;
- Fortalecimento do controle social em âmbito local, distrital e nacional;
- Implementação de programas que assegurem saneamento básico e água potável nas comunidades;
- Ampliação dos quadros de profissionais de saúde nas equipes que atuam nos distritos e polos base;
- Ampliação das infraestruturas físicas dos postos de saúde nas aldeias, aquisição de equipamentos médicos e melhoria das condições de transporte;
- Investir, prioritariamente, na capacitação de equipes para atuação nas ações preventivas junto às comunidades;
- Assegurar que os agentes indígenas de saúde tenham formação permanente, qualificada e sejam reconhecidos como profissionais de saúde;
- Respeito e valorização das medicinas tradicionais e dos saberes indígenas, bem como dos líderes espirituais que tratam da saúde e das doenças nas comunidades.
Por fim, o Cimi se solidariza com os povos e todas as famílias que sofreram com o impacto da doença, pelas vítimas fatais, e exige que o Poder público assuma efetivamente suas responsabilidades.
Chapecó (SC), 26 de julho de 2020
Conselho Indigenista Missionário – Regional Sul