Fórum Ecumênico ACT-Brasil divulga nota em repúdio a ataques da Funai dirigidos a organizações e indígenas
Em documento, Fórum Ecumênico ACT-Brasil classifica postura agressiva da Funai como “vazio e ideológico”. “Sabemos que o atual governo orienta-se por um fundamentalismo religioso e econômico”, pontua o texto.
Em nota divulgada hoje (06), o Fórum Ecumênico ACT-Brasil repudiou os ataques da Fundação Nacional do Índio (Funai) aos direitos indígenas e a luta histórica dos povos. Em nota emitida na segunda-feira (04), o órgão indigenista do Governo Federal afirma que nos últimos 20 anos “a política indigenista brasileira restringiu-se ao assistencialismo subserviente e ao paternalismo explicito”.
Na nota de repúdio a postura da Funai, o Fórum Ecumênico ACT-Brasil classifica o texto como “extremamente ideológico e se vale de uma retórica vazia, sem qualquer fundamentação em dados e análises da trajetória das políticas públicas voltadas para os povos indígenas”.
A rede formada por entidades ecumênicas afirma que a postura assumida pela Funai desconhece a luta, nega o protagonismo dos povos indígenas e sua autodeterminação. “Sabemos que o atual governo orienta-se por um fundamentalismo religioso e econômico, estruturado em uma teopolítica colonial que tem como objetivo a limpeza de territórios indígenas e quilombolas, para entregá-los às empresas de mineração, ao agronegócio e ao grande capital financeiro”, sustenta o documento.
O texto expressa irrestrita solidariedade ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi), aos povos indígenas e demais organizações indigenistas atacadas pelo “uso de uma retórica agressiva, que ignora anos de estudos e políticas responsáveis para com os povos indígenas”.
Fórum Ecumênico ACT-Brasil rebate a nota da FUNAI
Com surpresa e indignação, tomamos conhecimento da nota da assessoria de comunicação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), intitulada “Os Fatos”, publicada no dia 04/05/2020.
A nota em questão ataca os povos indígenas e a política indígena brasileira, elaborada com muito engajamento, luta e comprometimento dos movimentos indígenas, organizações indigenistas, pesquisadoras e pesquisadores de renomadas universidades.
A tentativa falaciosa em deslegitimar a política indígena, associando-a com governos socialistas, não poderia ser algo mais distante dos fatos e da realidade. É importante destacar que toda a política indígena é resultado do processo democrático da constituinte, que não era socialista, e que contou com ampla participação dos povos indígenas organizados e todos os partidos políticos do Brasil à época. Considerar as políticas implementadas “assistencialistas e paternalistas” é desconhecer a luta, negar o protagonismo dos povos indígenas e sua autodeterminação.
Sabemos que o atual governo orienta-se por um fundamentalismo religioso e econômico, estruturado em uma teopolítica colonial que tem como objetivo a limpeza de territórios indígenas e quilombolas, para entregá-los às empresas de mineração, ao agronegócio e ao grande capital financeiro. É a mesma lógica colonialista de extermínio dos povos indígenas que chegou ao Brasil em 1500.
Repudiamos o ataque à Teologia da Libertação que, ao contrário do que afirma a nota, não é de matriz marxista, mas é embasada no Evangelho de Jesus Cristo que considera todas as pessoas sujeitos de direito e de dignidade.
O posicionamento da FUNAI, expresso na nota de sua assessoria de comunicação, é extremamente ideológico e se vale de uma retórica vazia, sem qualquer fundamentação em dados e análises da trajetória das políticas públicas voltadas para os povos indígenas.
Expressamos irrestrita solidariedade com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), com os povos indígenas e demais organizações indigenistas. O uso de uma retórica agressiva, que ignora anos de estudos e políticas responsáveis para com os povos indígenas, dignas de reconhecimento internacional, tem o propósito de mascarar a teopolítica colonial do atual governo que, em última análise, pretende promover um novo extermínio indígena.
Estamos vigilantes para denunciar toda e qualquer política de extermínio indígena, com todas as nossas forças e crenças.
Fórum Ecumênico ACT-Brasil