Em meio à pandemia, invasores são detidos na TI Vale do Javari em região de isolados
De acordo com a Funai, os invasores entraram na Terra Indígena em duas embarcações, portavam armas e carne de animais silvestres
Dez indivíduos foram detidos por servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) no último sábado (11) no interior da Terra Indígena Vale do Javari, localizada no oeste do Amazonas, distante da capital cerca de 1.100 quilômetros em linha reta.
Na região onde os servidores detiveram os invasores, o igarapé Figueiredo, no rio Quixito, há ocorrência de indígenas em situação de isolamento voluntário. Os invasores estavam caçando na ocasião. O local fica distante da sede municipal. Em média, os indígenas em suas canoas com motor do tipo “rabeta” levam cinco dias da cidade àquela localidade.
De acordo com servidores da Funai, os invasores entraram na Terra Indígena em duas embarcações, portavam armas e carne de animais silvestres. Eles foram levados para a cidade de Tabatinga por agentes da Polícia Federal.
As lideranças indígenas do Vale do Javari temem que as invasões neste período de pandemia possam levar doenças para as aldeias, principalmente para os povos sem contatos. O vice-coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) Lucas Marubo diz que está acontecendo invasões ao sul da Terra Indígena, nas proximidades da divisa com o estado do Acre, e sudeste, a partir dos municípios de Eirunepé e Ipixuna. Segundo ele, fazendeiros e pescadores entram por ali.
“Pelos relatos dos parentes, estão vindo muitos fazendeiros e caçadores. Parece que já tem gente morando na área indígena, nós desconfiamos”, diz Lucas Marubo. Ele acrescenta que as lideranças da Univaja tinham agendado um sobrevôo para verificar a procedência dessa denúncia, mas foram obrigados a adiar em razão da proliferação da Covid-19.
“Nós estamos tomando todas as medidas para evitar que a pandemia chegue nas aldeias. Por isso tememos que as invasões aumentem e causem problemas”, diz ele. “Meus parentes, na aldeia, disseram que vão entrar mata adentro para não correr o risco de contaminação. Vão para os lugares onde moravam nossos antepassados”, finaliza.