26/09/2019

Bispos da Amazônia destacam protagonismo dos povos indígenas na preparação para o Sínodo

As populações indígenas, a partir de suas aldeias, contribuíram apontando os problemas que mais os afetam

As populações indígenas, a partir de suas aldeias, contribuíram apontando os problemas que mais as afetam. Crédito da foto: J.Rosha/Cimi Regional Norte I

Por J.Rosha, Assessoria de Comunicação – Cimi Regional Norte I

 “Igreja da Amazônia: Casa do Pão, da Palavra, da Caridade e da Missão” foi o tema da 47ª Assembleia Regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Regional Norte I, que abrange os estados do Amazonas e Roraima, realizada em Manaus, entre os dias 16 e 19 de setembro. Uma coletiva de imprensa foi convocada para expor ao público o que foi debatido na Assembleia e os caminhos para uma Igreja sinodal na Amazônia brasileira.  

“Onde os povos indígenas estão presentes, nós temos mais dinamismo de preservação e de cuidado com a natureza, com a Casa Comum”, destacou o padre Zenildo Lima durante a coletiva de imprensa convocada pelos participantes da 47ª Assembleia Regional da CNBB Regional Norte I. O encontro foi um espaço para a discussão de temas para o Sínodo, que acontecerá em outubro em Roma. 

O presidente da CNBB Norte I, dom Edson Damian, bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, explicou que a Assembleia começou com uma avaliação das atividades realizadas nas dioceses e prelazias para concretizar as três causas comuns presentes no Regional: migração, meio ambiente e povos indígenas. 

As populações indígenas, a partir de suas aldeias, contribuíram apontando os problemas que mais as afetam. No cenário atual, marcado por ações agressivas de vários setores estimuladas pelas declarações de autoridades governamentais, os indígenas estão sob pressão constante de empresas mineradoras, garimpeiros e do agronegócio, conforme apontaram lideranças que participaram das oficinas e mesas de debates em preparação para o Sínodo.

Da mesma forma, os ribeirinhos e as populações das periferias das cidades apontaram problemas semelhantes. De acordo com o padre Zenildo Lima, ao longo desses processos de escuta as lideranças da Igreja Católica se deram conta da trama e de ameaças que giram em torno dessa região, por causa do seu potencial e, principalmente, por causa das forças de mercado que avançam de modo predatório em  tudo aquilo que é vida nessa região. 

“A gente reconhece que há um embate pela frente. O desafio é saber como conter esse avanço tão violento, tão predatório que tem uma concepção diferente e olha para esse território como propriedade que deve ser explorada até o seu esgotamento”, observa padre Zenildo.

Participação dos povos  

A participação dos povos indígenas é resultado da concepção de que o Sínodo deveria ser marcado por um processo de escuta envolvendo novos interlocutores. 

O professor Flávio Ferra Wanano, do Alto Rio Negro, foi o representante dos indígenas na coletiva de imprensa. Ele enfatizou que “com o chamado para o Sínodo, o papa Francisco nos dá a oportunidade de falar sobre o que acontece com os povos indígenas na Amazônia”.

“O Papa reconhece nessas populações sujeitos capazes de nos ajudar a entender essa dinâmica da ecologia integral”, explica o assessor da Assembleia da CNBB.  “Isso porque também são portadores de um conhecimento, de uma sabedoria, de categorias mentais que nós nem sempre dominamos e de uma relação de respeito, uma relação espiritual com toda essa realidade”, acrescenta.

Fonte: Assessoria de Comunicação - Cimi
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