30/07/2019

CNBB emite nota sobre situação dos povos indígenas Wajâpi, no Amapá

A entidade manifesta preocupação com a elucidação da morte da liderança Wajãpi, ocorrida na última semana

“Continuamos muito preocupados com os invasores que estão na região norte da nossa Terra Indígena", denunciam os Wajãpi. Arte: ASCOM/CNBB

“Continuamos muito preocupados com os invasores que estão na região norte da nossa Terra Indígena”, denunciam os Wajãpi. Arte: ASCOM/CNBB

Por Assessoria de Comunicação do Cimi

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tornou público nesta segunda-feira, 29, uma nota sobre situação dos povos indígenas Wajâpi, no Amapá. No documento a entidade diz estar atenta aos desdobramentos da crise socioambiental que vem se agravando e atinge de modo fatal os povos da Amazônia, particularmente os indígenas. Assim como, manifesta preocupação com a elucidação da morte do líder da etnia Wajãpi, ocorrida na última semana, no Estado do Amapá.

Conselho das Aldeias Wajãpi – Apina por meio de nota divulgada na tarde desta segunda-feira, 29, a segunda publicada na semana, afirmam seguir apreensivos com a presença de invasores em seu território. A qual atribuem o assassinato da liderança Emyra Wajãpi.

“Continuamos muito preocupados com os invasores que estão na região norte da nossa Terra Indígena. Nas aldeias desta região as famílias estão com muito medo de sair para as roças ou para caçar”, afirmam os Wajãpi.

Após pedido de socorro dos Wajãpi, equipes da Polícia Federal e do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) chegaram à terra indígena na manhã de domingo. Em nota, os indígenas relatam que os policiais foram até a aldeia Yvytotõ, de onde indígenas fugiram após a chegada de homens armados, e a outro local onde os invasores haviam se escondido, mas que, “quando chegaram lá, não tinha mais ninguém no local, apenas rastros”.

Os Wajãpi informam que os policiais não seguiram os rastros dos invasores apontados por eles na mata. Segundo a nota, os policiais afirmaram que a região “é de difícil acesso e que não tinham condições de permanecer lá e dar continuidade às buscas pelas dificuldades de deslocamento e alimentação”.

Confira a nota da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil na integra:

Nota da CNBB sobre situação dos povos indígenas Wajâpi, no Amapá

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) acompanha atentamente os desdobramentos da crise socioambiental que vem se agravando e atinge de modo fatal os povos da Amazônia, particularmente os indígenas.

A presidência da CNBB manifesta preocupação com a elucidação da morte do líder da etnia Wajãpi, ocorrida no dia 24 de julho, no Estado do Amapá. Reforça, também, o que o episcopado brasileiro indicou na mensagem divulgada em maio deste ano, em sua 57ª Assembleia Nacional:

“Precisamos ser uma nação de irmãos e irmãs, eliminando qualquer tipo de discriminação, preconceito e ódio. Somos responsáveis uns pelos outros. Assim, quando os povos originários não são respeitados em seus direitos e costumes, neles o Cristo é desrespeitado: ‘Todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes mais pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer’ (Mt 25,45). É grave a ameaça aos direitos dos povos indígenas assegurados na Constituição de 1988. O poder político e econômico não pode se sobrepor a esses direitos sob o risco de violação da Constituição. A mercantilização das terras indígenas e quilombolas nasce do desejo desenfreado de quem ambiciona acumular riquezas. Nesse contexto, tanto as atividades mineradoras e madeireiras quanto o agronegócio precisam rever seus conceitos de progresso, crescimento e desenvolvimento. Uma economia que coloca o lucro acima da pessoa, que produz exclusão e desigualdade social, é uma economia que mata, como nos alerta o Papa Francisco (EG 53)”.

Há de se encontrar caminhos para superar os processos que ameaçam a vida, pela destruição e exploração que depredam a Casa Comum e violam direitos humanos elementares da população. É preciso, assim, enfrentar a exploração desenfreada e construir um novo tempo, tempo de Deus, humanizado, na Amazônia.

Em solidariedade à Igreja do Amapá e ao Regional Norte 2, já manifestada a dom Pedro José Conti, bispo diocesano de Macapá (AP), a CNBB reforça seu compromisso com a promoção e defesa da vida em todas as suas formas e expressões, incluindo o respeito à Natureza, na perspectiva de uma ecologia integral.

Brasília-DF, 29 de julho de 2019.

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Arcebispo de Belo Horizonte – MG

Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler

Arcebispo de Porto Alegre – RS

1º Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva

Bispo de Roraima – RR

2º Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado

Bispo Auxiliar de S. Sebastião do Rio de Janeiro – RJ

Secretário-Geral da CNBB

 

Share this:
Tags: