24/06/2019

Lideranças Guarani Kaiowá e Karipuna vão à ONU, mais uma vez, denunciar violência e violações de seus direitos

Nos dias 24 a 28, lideranças indígenas Guarani Kaiowá, Karipuna e representantes do Cimi irão participar da 41ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU

Arte: ASCOM/Cimi

Arte: ASCOM/Cimi

Entre os dias 24 e 28 de junho de 2019 lideranças indígenas dos povos Guarani Kaiowá (MS) e Karipuna (RO) e representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) irão participar da 41ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos das Organizações das Nações Unidas (ONU) em Genebra, na Suíça. O objetivo é denunciar os permanentes processos de violência e violações de direitos aos quais os povos indígenas são submetidos no Brasil e que tem se agravado nos últimos anos.

“Existe um novo processo de esbulho possessório em curso no país. Antes, os criminosos invadiam as terras indígenas e exploravam seus bens naturais, como madeira, minério, água, biodiversidade. Agora, as terras indígenas, mesmo sendo um patrimônio da União, também estão sendo griladas e loteadas, para além do avanço da exploração de seus recursos naturais. Esta situação vai, certamente, agravar ainda mais o deslocamento forçado dos povos, que já ocorre há séculos”, explica Cleber Buzatto, secretário-executivo do Cimi.

Em Genebra, a delegação também irá participar de um Evento Paralelo sobre o tema “Os Impactos do Deslocamento Forçado Interno Sobre Povos Indígenas – Proteção Internacional e a Situação Brasileira”, cuja proposta é promover um diálogo entre especialistas internacionais e lideranças indígenas, buscando encontrar caminhos para resolver tais problemáticas.

Tanto os Guarani Kaiowá como os Karipuna vivem historicamente este processo de deslocamento forçado de seus territórios. O povo Karipuna tem testemunhado constantes invasões de madeireiros e grileiros em seu território tradicional, homologado desde 1998. A situação é tão grave, que eles não podem caminhar livremente nem mesmo para colher castanhas para a sua alimentação e comercialização. As ameaças às lideranças também são constantes.

As ações pontuais do Estado brasileiro não têm sido eficientes para garantir a proteção territorial das áreas indígenas. A operação “SOS Karipuna” realizada pela Polícia Federal, em parceria com outros órgãos públicos, na semana passada, prendeu 10 suspeitos de envolvimento com o roubo de madeira e a grilagem. Uma empresa de georreferenciamento estava vendendo lotes dentro da terra indígena. Por outro lado, o povo Guarani Kaiowá enfrenta uma luta histórica pela demarcação de suas terras tradicionais e convive, constantemente, com o deslocamento forçado.

Um grande número de líderes indígenas foi assassinado nos últimos anos, conforme Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – Dados de 2017 organizado pelo Cimi, em 2017 foram registrados 110 casos de assassinatos, enquanto dezenas de outros povos foram vítimas de despejos forçados. Como resultado, essas múltiplas violações criam um cenário de crise humanitária marcado por altos níveis de homicídio, suicídio e extrema pobreza. Dezenas de comunidades em situação de extrema privação vivem entre as estradas e as cercas dos latifúndios.

 

Serviço:

O que: Lideranças Guarani Kaiowá e Karipuna participam da 41ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU

Quando: 24 a 28 de junho de 2019

Onde: em Genebra, Suíça

 

Contatos:

ASCOM/CIMI – Adi Spezia: (61) 9 9641 6256

ASCOM/CIMI: [email protected]

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