28/03/2019

Luto: Nello, o mensageiro além das fronteiras

Nello estava internado desde a quarta-feira de cinzas no Hospital Guadalupe, quando deu entrada com um quadro de infarto

Dias após a despedida de Thomaz de Aquino Lisboa, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lamenta profundamente a morte de mais um de seus integrantes históricos: padre Nello Ruffaldi, que partiu na madrugada desta quinta-feira (28), em Belém (PA).

Nello estava internado desde a quarta-feira de cinzas no Hospital Guadalupe, quando deu entrada com um quadro de infarto. As dores e o cansaço o fizeram encerrar atividades que vinha desempenhando no Amapá obrigando-o a regressar a Belém.

No hospital, passou por uma angioplastia, que retirou as obstruções mais sérias das artérias de um coração cansado de tantas batalhas. No entanto, uma infecção se alastrou a partir do pulmão encerrando a trajetória física de Nello.

Incansável lutador. Batalhou pelas grandes causas da vida, sem medir esforços, em especial pela causa dos povos indígenas a quem amava e se dedicou inteiramente. Entusiasta da comunicação indigenista, manteve com muito esforço programas de rádio, caso do Potyrõ, e a revista Mensageiro.

Com Irmã Rebeca, e outros tantos colegas do Cimi, levou adiante inúmeras iniciativas junto aos povos indígenas, em especial nos estados do Pará e Amapá; a partir do Oiapoque chegou ao Chuí e em algumas regiões da América Latina.

E pela América Latina Nello deu contribuições às reflexões sobre a Teologia Índia. Levou suas convicções e lutas para inúmeros espaços. Costumava defender seus pontos de vista com energia e sotaque italiano inconfundível. Da Itália Nello partiu para viver em definitivo no Brasil e ao lado dos povos indígenas.

Foi um guerreiro sem fronteiras, um mensageiro a serviço das causas e das grandes aspirações da humanidade. Diante de uma bela polenta, esbanjava alegria e celebrava a vida. Nas assembleias e encontros do Cimi clamava por confraternizações para tirar todos e todas de frente das telas. Gostava de comungar momentos de alegria.

Nello também se tornou uma lenda: sobreviveu a um acidente de avião, uma queda de moto, superou outros infartos e em 2012 precisou retirar um pulmão para se livrar de um câncer. Amava viver porque perseguia o propósito de servir aos povos indígenas.

No céu aumentam os abraços amigos com Thomaz, Antônio Brand, Vicente Cañas e um rosário de indígenas que já nos deixaram e dos quais jamais nos esqueceremos porque estão presentes para sempre em nossa luta.

Nossa profunda gratidão ao Nello pelo seu testemunho e doação. Solidariedade aos colegas do Cimi Regional Norte 2 e aos familiares do nosso querido Nello.

Conselho Indigenista Missionário (Cimi)

Brasília, 28 de março de 2019

Fonte: Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
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