09/11/2018

Comitê de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos denuncia intimidações durante visita da CIDH em Santarém (PA)

Comitê manifestou preocupação com as intimidações à delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos por fazendeiros durante visita a aldeia no Pará

Visita da CIDH à aldeia Açaizal, território do povo Munduruku em Santarém (PA), foi alvo de intimidações de fazendeiros. Foto: CIDH/divulgação

Visita da CIDH à aldeia Açaizal, território do povo Munduruku em Santarém (PA), foi alvo de intimidações de fazendeiros. Foto: CIDH/divulgação

Por Ascom/Cimi

As organizações que compõem o Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH) divulgaram uma nota na noite desta quinta-feira (8) manifestando preocupação e denunciando as intimidações à Comitiva da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), autoridades brasileiras, lideranças indígenas e representantes de organizações da sociedade civil durante a visita à aldeia Açaizal, do povo Munduruku, no município de Santarém (PA).

Na ocasião, fazendeiros da região seguiram e intimidaram a comitiva. “Proferiram discursos racistas e violentos contra os presentes e tentaram, ainda, identificar as placas dos carros, veículos e vans que levaram os participantes da reunião até o território, em uma atitude clara de intimidação”, afirma a nota.

O CBDDH pede que o Estado brasileiro garanta segurança para as próximas agendas da CIDH no Brasil, cuja visita a diversas regiões do Brasil para colher relatos, denúncias e verificar a situação dos direitos humanos no país iniciou no dia 5 de novembro e vai até o dia 12. Na quarta, delegações da CIDH estiveram com indígenas em Dourados e em Altamira.

O Comitê afirma que é muito importante que, “nesse momento de crescente violência contra defensoras e defensores de direitos humanos, as organizações internacionais possam cumprir com seu papel de investigar as inúmeras violações de direitos que ocorrem no país”.

Leia a nota na íntegra:

 

Intimidações durante visita da CIDH em Santarém (PA): Não nos calaremos!

As 34 organizações, do campo e da cidade, que compõem o Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH), manifestam sua preocupação e vêm a público denunciar as ameaças e intimidações sofridas à Comitiva da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), autoridades brasileiras, lideranças indígenas, defensoras e defensores de direitos humanos e representantes de organizações da sociedade civil, nesta quinta-feira (08), em Santarém (PA).

Mesmo com proteção policial, a Comitiva foi seguida até o território indígena do Açaizal, localizado no Planalto santareno, por duas caminhonetes que transportavam sojeiros conhecidos na região. Na chegada ao território, os ocupantes das caminhonetes insistiram em participar da reunião, agendada apenas com as lideranças indígenas. Proferiram discursos racistas e violentos contra os presentes e tentaram, ainda, identificar as placas dos carros, veículos e vans que levaram os participantes da reunião até o território, em uma atitude clara de intimidação.  Somente após serem interpelados pela polícia deixaram o local.

As organizações do Comitê repudiam essas atitudes, assim como a violência contra os indígenas do território do baixo Tapajós e em todo o país, considerando a escalada de violência contra essas populações nos últimos anos e que, somente na última terça-feira (06), fez duas vítimas: o assassinato do líder indígena Reinaldo Silva Pataxó,  morto a tiros na aldeia Catarina Caramuru Paraguassú, em Pau Brasil (BA), e o atentado a tiros contra  o indígena Donecildo Agueiro, Avá-Guarani, do território Tekoha Tatury, em Guaraí (PR).

Exigimos também que o Estado brasileiro garanta condições de segurança para que todas as agendas previstas na visita oficial da CIDH ao Brasil, que encerra no dia 12 de novembro, ocorram sem mais incidentes. Avaliamos ser de extrema importância que, nesse momento de crescente violência contra defensoras e defensores de direitos humanos, as organizações internacionais possam cumprir com seu papel de investigar as inúmeras violações de direitos que ocorrem no país.

Não nos calaremos!

 

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