Povos indígenas participam de marcha e ato público pelo direito à democracia social
Entre os povos indígenas presentes, Guarani, Pataxó, Maxacali e Kaingang fortaleceram o grito de ordem contra a injustiça e a violência à democracia.
Povos indígenas de diversas regiões do Brasil participaram nesta quarta-feira(15), em Brasília/DF, de marcha e ato público em defesa da democracia social e pelo direito de registro da candidatura de Luis Inácio Lula da Silva. Estima-se que 50 mil pessoas participaram da manifestação popular que iniciou no Ginásio Nilson Nelson e seguiu até o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Entre os povos indígenas presentes, Guarani, Pataxó, Maxacali e Kaingang fortaleceram o grito de ordem contra a injustiça e a violência à democracia. Durante o ato público, os integrantes da greve de fome por justiça no Supremo Tribunal Federal (STF) também foram citados como parte do cenário de mobilização. Os grevistas chegam ao 16º dia com o objetivo de influenciar a agenda política, tendo em vista o decisivo momento da conjuntura nacional.
O cacique Deoclides de Paula, liderança Kaingang da aldeia Votouro Kaindóia, ressaltou a forte participação do povo indígena em solidariedade ao direito de candidatura. “Lula acreditou em nós e hoje nós estamos aqui porque acreditamos nele, acreditamos no direito à democracia”, ressaltou.
Além da pauta da manifestação popular, os povos indígenas defendem o fortalecimento da Fundação Nacional dos Índios (Funai), o direito à saúde indígena e à demarcação das terras originárias, estabelecido na Constituição Federal. Reivindicação essa que remete também à luta contínua contra o Parecer 001 da Advocacia Geral da União (AGU) – que transforma em regra a tese político-jurídica do marco temporal.
O cacique Deoclides de Paula denuncia o loteamento de cargos da Funai pela bancada ruralista. Para ele, a Fundação encontra-se sucateada e com a estrutura fragilizada para exercício do seu papel prioritário. “Hoje não se demarca mais as terras indígenas. Nossos povos estão crescendo e nós somos um dos povos que correm o risco de desaparecer. Além disso, na situação que hoje se encontra a Funai, podemos perdê-la”, citou.
Sobre a saúde indígena, a liderança Kaingang também pontuou o cenário de desconstrução vivenciada pelos povos. “Quando a Sesai foi criada, muitas vezes foi dito que o trabalho seria desenvolvido por meio de um processo de construção e hoje o que presenciamos é o contrário, a desconstrução da saúde indígena”, lamentou.
A mobilização segue amanhã (16), às 18h, por meio do ato Inter-religioso em frente ao STF, em Brasília/DF, com participação dos integrantes da greve de fome. A ação é organizada pelos movimentos populares que integram a Frente Brasil Popular e faz parte da Jornada Nacional de Lutas pela Democracia.