20/08/2018

Mensagem Final da XXXIII Assembleia Do Cimi Rondônia

“Conclamamos toda a sociedade e a Igreja a se comprometer na defesa da vida e dos povos que tem seus territórios invadidos por madeireiros, garimpeiros, grileiros, empreendimentos”, afirma o documento

XXXIII Assembleia Do Cimi RO. Foto: Cimi/RO

XXXIII Assembleia Do Cimi RO. Foto: Cimi/RO

Entre os dias 14 e 17 de agosto, o Cimi regional Rondônia (RO) realizou a sua XXXIII Assembleia Ordinária, com o tema “Amazônia: o protagonismo dos povos indígenas e os desafios da igreja”. Em sua mensagem final, o regional, em conjunto com aliados e representantes de povos indígenas do estado, chamaram atenção para a situação de ataques aos direitos indígenas e aos territórios, especialmente para a situação de vulnerabilidade dos povos Karipuna, Kaxarari e Uru eu Wau Wau, cujas terras estão sendo devastadas por invasores.

Leia o documento final:

 

Mensagem Final da XXXIII Assembleia Do Cimi/RO

“Está nublado, mas a fé que temos, é que o sol brilhará novamente, porque Deus está conosco”. D. Francisco.

Neste chão sagrado da Amazônia, terra de encanto e beleza, nos dias 14 a 17 de agosto do presente ano, estivemos reunidos: missionários/as do Cimi/RO, aliados da causa dos povos da Amazônia: Instituto Madeira Vivo, Movimento dos Pequenos Agricultores, Comunidades Eclesiais de Base, Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas, Freis Capuchinhos, representantes dos povos indígenas: Migueleno, Karipuna, Karitiana, Kaxarari, Oro Mon e Guarasugwe, para a realização da XXXIII assembleia Ordinária do Cimi, Regional Rondônia, com o tema: Amazônia: o protagonismo dos povos indígenas e os desafios da igreja, com o olhar para o Sínodo da Amazônia.

Vimos que a Amazônia é um sistema vivo, interconectado e interdependente, mosaico de culturas, línguas e espiritualidades, que formam a grande diversidade e riqueza desta imensa região. Historicamente esta vasta região, sofreu preconceitos de uma visão etnocêntrica, de desrespeito aos povos e a biodiversidade existente para o equilíbrio do ecossistema e das sociedades que aqui vivem, pois a Amazônia como sistema vivo, nos questiona cotidianamente.

O avanço do Capital Econômico, da especulação dos territórios e do neo liberalismo, faz da Amazônia um lugar de extração das riquezas, provocando cinturões de pobreza e desigualdade nas cidades. Atualmente os empreendimentos, as obras de infra estrutura e o agronegócio, traz consequências desastrosas, para a garantia de vida dos povos que aqui habitam e da Casa Comum. Esta degradação ambiental ameaça e põe em risco os territórios dos povos indígenas, dos camponeses, quilombolas e das comunidades tradicionais, já conquistados e/ou os reivindicados por estes povos e comunidades, por causa dos inúmeros projetos de morte tramitam no Congresso Nacional.

Ao mesmo tempo em que a Amazônia é palco de exploração, é também palco de inúmeras lutas de resistência e afirmação, dos povos Amazônicos, somado a isso, há a teimosia diária dos povos indígenas em continuarem, dinamicamente, a viver do seu jeito, apontando o Bem Viver, como uma possibilidade de continuidade da vida no planeta e dos apoiadores da causa indígena, que no respeito se inspiram nas pegadas do Mestre Jesus. “É preciso ver os povos, a criação e o todo o universo com os olhos de Deus”.

Diante dos gritos que brotam da terra, das esperanças dos povos e sinais de vida, fomos provocados a ser uma “Igreja em Saída”, com rosto Amazônico, à luz do Cristo Ressuscitado. Fomos interpelados a ações concretas em defesa da vida, dos direitos e dos territórios dos povos indígenas, camponeses, comunidades tradicionais, com: denúncia de toda a forma de exploração e subjugação dos povos, comunidades e territórios; com diálogo no resgate à sabedoria dos antepassados, com seus ritos e espiritualidades, respeitando o sagrado presente em cada povo, pois “as sementes do verbo, estão presentes em todas as Culturas” e anuncio do bem viver e do Reino de Deus.

Por fim, conclamamos toda a sociedade e a igreja a se comprometer na defesa da vida e dos povos que tem seus territórios invadidos por madeireiros, garimpeiros, grileiros, empreendimentos, especialmente os povos Karipuna, Kaxarari e Uru eu Wau Wau, que vivem hoje uma situação emblemática, de ameaças a sua integridade física, cultural, territorial e a nos posicionar contra todos os projetos de morte, que ameaçam a vida desta Casa Comum e dos povos da Amazônia.

 

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