Greve de fome por Justiça no STF chega ao quarto dia; confira o manifesto
“nossa greve de fome é uma escolha livre e consciente para evitar que nosso povo volte a passar fome por imposição”, afirmam grevistas em manifesto
Há quatro dias sem se alimentar, Zonália Santos, Luiz Gonzaga (Gegê), Rafaela Alves, Vilmar Pacífico, Frei Sérgio Görgen e Jaime Amorim seguem recebendo visitas de apoio e solidariedade, além terem recebido uma diversidade de mensagens por meio das redes sociais, cartas e e-mails. O Centro de Cultural de Brasília (CCB) tem sido o local de apoio e também onde os grevistas tem recebidos as visitas, que são realizadas pela manhã das 10h ás 11:30h, a tarde das 14:30h ás 16h e à noite, das 19h ás 20h.
Na manhã desta sexta-feira (3), a candidata à presidência da república pelo PCdoB, Manuela D’Ávila, visitou os seis grevistas, manifestando a sua solidariedade. Ontem (2), fizeram visitas de solidariedade o advogado e ex-presidente da OAB, Marcelo Lavenère Machado; os membros da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, ligada à CNBB, Sueli Bellato e Carlos Moura; o Eng. Agrônomo e ex-representante integrante da CTNBio, Leonardo Melgarejo; bem como representações dos profissionais de psicologia e também das Pastorais Sociais e Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica.
Solidariedade nas redes
Qualquer pessoa pode fazer chegar aos grevistas sua manifestação de solidariedade e apoio à pauta da Greve de Fome por Justiça no STF. Basta publicar nas próprias redes sociais o seu texto, foto ou vídeo utilizando as hashtags #GreveDeFome e #JustiçaNoSTF, ou enviar para a comunicação da Greve, cujo email é [email protected]. Também é possível enviar pelo whatsapp, no telefone (49) 99160-5897.
Avaliação Médica
Nesta sexta-feira, 3 de agosto, os seis militantes que estão em Greve de Fome por Justiça no STF completam quatro dias sem consumir nenhum tipo de alimento, apenas água e soro. A cada dia que passa, o cuidado para com a saúde de Luiz Gonzaga (Gegê), Zonália Santos Rafaela Alves, Vilmar Pacífico, Frei Sérgio Görgen e Jaime Amorim precisa ser mais rigorosa, pois além das dores de cabeça, ansiedade, insônia, desidratação e a fadiga, a perda de peso foi diagnostica.
“Nesse quarto dia greve, os seis participantes apresentam quadros de maior fadiga, dores de cabeça mais frequentes, alteração na pressão arterial, estamos monitorando isso, todos perderam peso, entre 900gramas e 1,300kg, alguns perderam massa das reservas de gordura e quem tem pouca reserva, pode começar a perder parte da massa muscular, e isso vamos acompanhar mais de perto”, explica o médico que acompanha a Greve de Fome, Dr. Ronald Wollf.
Um dos grevistas apresentou poliúria, que é o aumento da frequência urinaria, isso significa a falta de sais minerais de reidratação oral, fator que a equipe médica tem monitorado e caso as alterações permaneçam, serão feitos exames laboratoriais mais complexos para ver se não há alterações renais, avalia Dr. Ronald que tem experiência de outras 3 greves de fome.
“Temos a firme esperança de que vamos superar este momento grave de nossa história para inaugurar uma nova fase de justiça e fraternidade na vida das brasileiras e dos brasileiros”
Manifesto
No primeiro dia da greve, 31 de julho, o grupo de seis militantes sociais protocolou e fez a leitura pública de uma manifesto onde apresenta suas motivações e uma pauta de reivindicações junto ao STF.
Confira o manifesto na íntegra:
MANIFESTO DA GREVE DE FOME
Brasília – DF, 31 de julho de 2018
Nós, militantes dos movimentos populares do campo e da cidade, ingressamos conscientemente na “Greve de Fome por Justiça no STF”, iniciada no dia 31 de Julho de 2018 em Brasília, por tempo indeterminado. Nossa opção por esse gesto extremo de luta decorre da situação extrema na qual se encontra nossa Nação, com a fome e as epidemias retornando e o desemprego desgraçando a vida de nosso povo. O que motiva nossa decisão é a dor e o sofrimento dos brasileiros e brasileiras. Nossa determinação nasce também pelo fato de que o Poder Judiciário viola a Constituição e impede o povo de escolher pelo voto, soberanamente, o seu Presidente e o futuro do país.
Nosso gesto quer denunciar, defender e apelar.
- Denunciamos a volta da fome, o sofrimento e o abandono dos mais pobres, sobretudo as pessoas em situação de rua, das periferias, os negros, indígenas, camponeses, sem terra, assentados, quilombolas e desempregados;
2. Denunciamos o aumento da violência que ataca, sobretudo, mulheres, jovens, negros e LGBTs;
3. Denunciamos a situação dos doentes, da saúde pública, das pessoas com deficiência, a volta das epidemias e da mortalidade de crianças;
4. Denunciamos os ataques à educação pública, que deixam a juventude sem perspectiva de vida;
5. Denunciamos a volta da carestia, o aumento do preço do gás, da comida e dos combustíveis;
6. Denunciamos as tentativas de aniquilamento da soberania nacional, através da entrega de nossas riquezas ao capital estrangeiro: Amazônia, terra, petróleo, energia, biodiversidade, água, minérios e empresas públicas essenciais à geração de emprego e ao bem estar do povo;
7. Nos indignamos e não aceitamos o sacrifício anunciado de duas gerações: as crianças e os jovens;
8. Defendemos o direito do povo escolher livremente, pelo voto, seu próprio destino, elegendo à Presidência o candidato de sua preferência;
9. Defendemos a volta da plenitude da democracia e a vigência integral dos direitos fundamentais presentes na Constituição Federal, hoje negada e pisoteada;
10. Apelamos ao Supremo Tribunal Federal pelo fim das condenações sem crime, das prisões ilegais sem amparo na Constituição e pela libertação imediata do Presidente Lula, para que possa ser votado pelo povo brasileiro.
A situação de desespero do povo tem muitas causas. Neste momento, entretanto, os agentes diretos pelo massacre, pela a injustiça e pela destruição da Constituição, têm nome e sobrenome: são donos da rede globo e estão nos tribunais em Curitiba e Porto Alegre. São responsáveis pelo que acontecer com qualquer dos Grevistas de Fome.
Apelamos aos Ministros do Supremo Luiz Edson Fachin, Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Alexandre de Moraes para que respeitem a Constituição, garantam o retorno à normalidade democrática, anulem a condenação sem crime do presidente Lula, reponham o direito à presunção de inocência e o direito do povo de escolher seu presidente de forma livre e democrática. São eles também responsáveis caso algo grave aconteça aos que estão em greve de fome.
Afirmamos que nossa greve de fome é uma escolha livre e consciente para evitar que nosso povo volte a passar fome por imposição.
Tomamos a decisão de iniciar esta Greve de Fome e colocamos as decisões dos Ministros do Supremo Tribunal Federal como condicionantes para seu encerramento, atendendo aos clamores da maioria do povo brasileiro.
Acreditamos no povo brasileiro, nas possibilidades de nossa Nação e temos a firme esperança de que vamos superar este momento grave de nossa história para inaugurar uma nova fase de justiça e fraternidade na vida das brasileiras e dos brasileiros.
Jaime Amorim
Luiz Gonzaga da Silva
Rafaela Alves
Frei Sérgio Görgen
Vilmar Pacífico
Zonália Santos