23/08/2018

Cacique Geral dos Maraguá sofre ameaça de morte

Esta é a segunda ameaça em menos de um mês à liderança Maraguá. Tráfico e garimpo ilegal no território indígena causam conflitos com a comunidade

Jovens Maraguá em apresentação cultural na cidade de Nova Olinda do Norte (AM). Foto: J. Rosha/Cimi Norte 1

Jovens Maraguá em apresentação cultural na cidade de Nova Olinda do Norte (AM). Foto: J. Rosha/Cimi Norte 1

Por J. Rosha, Ascom/Cimi Regional Norte I

Na última quinta-feira, 16/08, três homens estiveram na casa do cacique geral do povo Maraguá, para quem, estando ausente na ocasião, deixaram um recado: “ou ele para de fazer o que está fazendo ou vai ver o que é bom”. Esta é a segunda vez em menos de um mês que ele sofre ameaças. Desta vez os desconhecidos deixaram recado com os filhos menores do líder Maraguá. O fato aconteceu na comunidade Terra Preta, rio Abacaxis, município de Nova Olinda do Norte.

Nos dias 9 e 10 deste mês quatro lideranças do povo Maraguá compareceram à sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) e Advocacia Geral da União (AGU) para solicitar providências em face da gravidade das ameaças de morte e da ação de moradores não indígenas que os impedem de desenvolver atividades de subsistência nas aldeias. Desde 2014 os Maraguá comparecem com frequência à Funai e ao Ministério Público Federal para informar sobre os conflitos causados por moradores não indígenas, alguns dos quais envolvidos em plantação de Maconha. Naquele ano foi realizada operação conjunta entre Polícia Federal, Ibama e Exército para reprimir o tráfico de entorpecentes e garimpo ilegal.

O efeito da operação foi passageiro: os moradores de comunidades próximas das aldeias voltaram a perseguir os indígenas e reiterar as ameaças de morte às lideranças e o garimpo foi reaberto.

Nos últimos meses, pessoas supostamente envolvidas com plantio de maconha, exploração ilegal de madeira e membros de uma associação de assentados do Incra passaram a intensificar as perseguições aos indígenas, proibindo-os de pescar em determinados lagos e continuar com suas roças, de onde tiram sustento de suas famílias. O clima está muito tenso na região.

Os indígenas aguardam uma ação por parte dos órgãos governamentais (Funai, Polícia Federal e Ibama). Eles cobram medidas urgentes – entre elas a demarcação da terra – para evitar derramamento de sangue. O pedido para a demarcação da terra do povo Maraguá foi registrado na Divisão de Assuntos Fundiários da Funai em 16/08/2007, sob o número 473. Atualmente encontra-se junto à Coordenação Geral de Identificação e Delimitação (Cgid) aguardando por sua qualificação.

Manaus (AM), 20 de agosto de 2018.

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