16º Dia da greve de fome por justiça no STF: grevistas recebem Haddad e discursam para multidão em ato público
“Denunciamos o sofrimento e o abandono dos mais pobres, em especial das pessoas em situação de rua, das periferias, os negros, indígenas, camponeses, sem-terra, assentados, quilombolas e desempregados”
No dia em que as três colunas de povo em marcha se encontraram em Brasília com centenas de delegações que vieram dos mais distantes cantos do Brasil para conduzir o registro da candidatura de Lula e Haddad junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os sete grevistas de fome completaram respectivamente 16 dias sem alimento (Jaime Amorin, Sérgio Görgen, Gegê Gonzaga, Zonália Santos, Rafaela Alves e Vilmar Pacífico) e 8 dias sem alimento (Leonardo Rodrigues). Apesar de já estarem debilitados e com a saúde fragilizada, os ativistas participaram de uma agenda intensa de atividades, quase ininterruptamente do início ao final do dia.
Logo cedo a rotina foi agitada pela visita de Fernando Haddad – candidato a vice na chapa de Lula – e Gleise Hoffmann, presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, acompanhados de dirigentes e parlamentares. Haddad manifestou solidariedade aos grevistas e expressou palavras de gratidão e reconhecimento pelo sacrifício que empreendem em nome da defesa da democracia. “Eu quero deixar a nossa solidariedade, a nossa gratidão, e sobretudo o nosso reconhecimento por esse ato, que é um ato radical sim, de luta, um ato de pessoas tão corajosas que colocam em risco a própria vida pra chamar atenção para a injustiça dos desmontes que atingem o povo e a injustiça de Lula inocente ser mantido preso” -, expressou Gleisi. Haddad fez questão de dizer que levou para a visita a palavra do ex-presidente de solidariedade e carinho àqueles que estão realizando um ato tão extremo em favor de um bem maior. “Lula também está em uma situação de agonia mas com força para que o povo possa recuperar sua força e sua voz”.
Uma delegação de sindicalistas, integrantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) estiveram com os grevistas pela manhã, debatendo a soberania nacional e reforçando as manifestações de solidariedade que já vinham sendo expressas pela classe desde a deflagração do movimento grevista. Professores e trabalhadores em educação também foram representados em um ciclo de visitas. O Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais trouxe uma delegação com representantes de diversos estados, desde o extremo sul do país até a região norte, que igualmente fizeram questão de passar alguns minutos com os grevistas e reforçar simbolicamente o ato dos sete.
Na sequência o teólogo Leonardo Boff e sua companheira Márcia Miranda passou algum tempo conversando com o grupo, prestando orientação espiritual e compartilhando memórias de outras lutas em que ele mesmo foi protagonista. “Vocês estão dando um pouco da vida de vocês porque a fome – assim como dizia Ghandi – é a forma mais assassina de agressão” -, explicou Boff. “Eu tenho esperança porque sei que a vida continua, essa esperança que nós não perdemos e vocês vivem dela”.
No início da tarde foi a vez do ex-senador Eduardo Suplicy deslocar-se até o Centro Cultural Brasília para conversar com os grevistas, debater a conjuntura do país e as pautas que dizem respeito às demandas do povo trabalhador. Suplicy presenteou com quatro livros os grevistas, com seu livro mais recente, “Renda de Cidadania: a saída é pela Porta”. O ex-governador do Rio Grande do Sul e membro do grupo que fundou o PT, Olívio Dutra, também esteve presente no CCB, reforçando os laços de companheirismo que os irmana na militância.
O final da tarde seria o mais simbólico, com o deslocamento dos grevistas até o ato público que foi realizado após o registro da candidatura de Lula e Haddad, efetivada junto ao Tribunal Superior Eleitoral. Em meio ao público estimado de 50 mil pessoas os grevistas Gegê e Amorin fizeram pronunciamento em nome do grupo. “Estamos em greve de fome para que o povo brasileiro não venha a morrer de fome. Denunciamos o sofrimento e o abandono dos mais pobres, em especial das pessoas em situação de rua, das periferias, os negros, indígenas, camponeses, sem-terra, assentados, quilombolas e desempregados. Denunciamos o aumento da violência contra as mulheres, jovens, negros e LGBTs. Queremos a juventude preta da favela viva, Lula Livre e Lula Presidente!”, explica Gegê a multidão que se reuniu em frente ao TSE.