28/06/2017

II Feira Tradicional Munduruku: cultura e resistência na Mundurukânia


Por Barbara Dias, do Cimi Norte 2, e Rosamaria Loures
Fotos de Barbara Dias

A II Feira Tradicional Munduruku começou no dia 25 de junho na aldeia Jacaré Velho, no município de Jacareacanga (PA), alto Tapajós, e perdurará até o dia 29 na praça do centro da cidade.

A Feira de artesanatos e alimentos tradicionais do povo Munduruku foi pensada a partir do movimento de resistência Munduruku Ipereğ Ayũ, que é uma organização referência contra a construção de barragens no rio Tapajós e contra as violações de direitos humanos, sociais, ambientais e culturais.

Articulada pelas mulheres indígenas também como um espaço para formação política de gestão e proteção territorial, a Feira Tradicional surge em um contexto importante na região do Tapajós. A construção e o fortalecimento de alternativas para a soberania alimentar, por parte dos Munduruku, se contrapõe ao neoextrativismo que vem avançando para a região e que tem como base a exploração desenfreada dos recursos naturais minerários e florestais, causando impactos sociais e ambientais imensuráveis.

Mais do que movimentar a renda das aldeias, a Feira fortalece as relações interpessoais e age como um momento de reafirmação da cultura Munduruku.  Exemplo disso, foi o Caxiri, bebida oferecida durante a Feira, o mingau Manicuera, ambos não são comercializados por serem bebida e alimento tradicional do povo Munduruku.

O Movimento Munduruku Ipereğ Ayũ divulgou uma carta apresentando a feira. Leia abaixo:


II Feira Tradicional Munduruku: cultura e resistência na Mundurukânia

Nossa II Feira Tradicional Munduruku, começou dia 25 de junho na aldeia Jacaré Velho no município de Jacareacanga, no rio Tapajós, fizemos dois dias de feira e conversas sobre a história do Movimento Ipereg Ayu e nossos desafios.
Agora vamos pra cidade mostrar quem somos e o que fazemos na nossa terra vamos ficar até dia 29 de junho e dia 30 voltamos pras nossas aldeias.

Temos muito artesanato e alimentos tradicionais. Nossa alimentação também é nossa resistência, assim aprendemos. Nós do Movimento Ipereğ Ayũ, sabemos que continua a ameaça da construção de barragens no nosso rio Idixidi (rio Tapajós) e contra nossos direitos. Queremos que vocês pariwat entendam, o nosso direito é o direito da floresta é o direito da nossa cultura. Vamos continuar lutando contra as leis de qualquer governo contra nós.

Reunimos um pouco de tudo que fazemos: arte, comida e cantamos um pouco e nos divertimos muito Nossa Feira Tradicional é cheia de vida lá sabemos se o parente inventou algo novo ou se quando foi na floresta viu alguma novidade. Fazemos assim, por que esse é o nosso caminho, é esse o nosso jeito, aqui até vemos o sol de outro jeito e o céu tem outro nome pra nós. Isso tudo é o nosso plano de vida!

Vamos explicar: Nosso Plano de Vida é construído para o território Munduruku, para os rios serem livres de barragens, as mulheres com sua força estão preocupadas. Já construíram o Plano e estão colocando em prática, como a nossa Feira Munduruku.

A Feira é pra fortalecer nosso caminho. Sem buracos no chão da floresta e sem veneno no rio Idixidi. Também vai trazer dinheiro pras nossas famílias e ajudar as aldeias. Aqui nos fortalecemos, aqui somos Wuyjugu. Tomando caxiri, mingau de manicuera.

Pra cá vieram artesãos, caciques, lideranças, puxadores, professores, cantores e cantoras, jovens e crianças, e até palhaços. Nosso agradecimento a Rádio Margarida, nossas crianças gostaram muito. E a Rosamaria Loures por começar a nos devolver sua pesquisa sobre o Movimento.

Aqui na II Feira Tradicional Munduruku estamos aprendemos muito pra continuar na luta!

Sawe!

Movimento Ipereg Ayu
Associação Da’uk
Associação Pariri (Munduruku do território Dajé Kapap Eipi)





Fonte: Barbara Dias, do Cimi Norte 2, e Rosamaria Loures
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