Equador: índios Shuar são expulsos para dar lugar a uma mina chinesa
foto: Confederação de Nacionalidades Indígenas da Amazônia Equatoriana (CONFENIAE)
Adaptado de reportagem publicada por Servizio di Informazione Religiosa (SIR), em 14-01-2017, e traduzida por Moisés Sbardelotto
Um novo apelo em favor do povo indígena Shuar do Equador chega da Repam, a Rede Eclesial Panamazônica, que, na última sexta-feira, emitiu um detalhado comunicado de imprensa para manifestar a sua “preocupação e firme denúncia dos acontecimentos recentes com relação ao povo Shuar do Equador, na província de Morona Santiago, especificamente com respeito ao desalojamento dos povoadores, indígenas e agricultores, da comunidade Nankints, em favor dos interesses da empresa de mineração chinesa Ecuacorrientes S.A.”.
De acordo com a Repam, o que está acontecendo está relacionado com “a política de super-exploração dos bens naturais que foi imposta na região amazônica com a concessão de direitos a grupos privados, vulnerabilizando gravemente os direitos humanos e a proteção dos ecossistemas”.
A declaração continua: “Entendemos a vocação para o desenvolvimento social das mulheres e dos homens do Equador, mas a saída não pode se limitar a continuar extraindo os recursos naturais nos espaços mais frágeis e vulneráveis, porque a pobreza que se quer combater momentaneamente chegará igualmente e de forma mais dramática para esses territórios”.
Daí, também em referência às palavras proferidas pelo Papa Francisco na sua visita ao Equador, o pedido de respeito pelos direitos das populações e, em particular, de consulta prévia e livre, de diálogo e de não repetir atos de força e violência.
No dia 4 de janeiro, o Conselho de Governo do Povo Shuar Arutam divulgou uma carta ao país e ao mundo, na qual afirmam: “Nossa selva se tingiu com lágrimas, angústia e sangue, e as trilhas e caminhos pelos quais antes transitávamos em paz, agora se tornaram inseguros e perigosos. Se passaram quase trinta anos desde que os equatorianos falaram de nós como os guerreiros do Cenepa, defensores do Equador, ao qual pertencemos. Mas agora é necessário que por nossa própria voz conheçam quem somos nós, porque ninguém nos perguntou, mas têm falado em nosso nome: o governo, dirigentes sociais e políticos mal ou bem intencionados”.
“Por que se metem em nossas casas? Por que não nos deixam viver em paz?”, questiona o documento, no qual os indígenas ainda asseguram: “Não vamos permitir sob nenhum conceito ou argumento que a violência e a força do Governo termine por destruir nossa casa, tua casa, a casa do mundo”.
Clique aqui para ler o comunicado da Repam em espanhol.
Clique aqui para ler a Carta ao país e ao mundo do povo Shuar Arutam, também em espanhol.