22/08/2016

Organizações dos movimentos sociais divulgam nota defendendo retomada do povo Gamela



Testemunhas do processo de insurgência do povo Gamela, no Maranhão, organizações dos movimentos sociais divulgaram uma nota em apoio à luta dos indígenas que durante a semana passada retomaram mais uma área do território tradicional reivindicado pelo povo.


"A área retomada trata-se de uma fazenda às margens do rio Piraí, local sagrado para o povo Gamela, pois é morada de João Piraí, encantado protetor do rio e do povo. O local estava sendo destruído por fazendeiros que devastaram suas margens, assorearam seu leito, retiraram dele milhares de toneladas de barro para cerâmica", diz trecho da nota.


Leia a nota na íntegra:

 
Nota em apoio a luta do povo indígena Gamela

Nós, entidades, associações, movimentos sociais e comunidades, declaramos apoio e solidariedade ao povo indígena Gamela, que realizou no dia 15/08/2016, a retomada de mais uma parte do seu território tradicional, que se encontrava invadida por fazendeiros e empresários no município de Viana/MA, totalizando 8 retomadas feitas até o momento.

A área retomada trata-se de uma fazenda às margens do rio Piraí, local sagrado para o povo Gamela, pois é morada de João Piraí, encantado protetor do rio e do povo. O local estava sendo destruído por fazendeiros que devastaram suas margens, assorearam seu leito, retiraram dele milhares de toneladas de barro para cerâmica – tijolo e telhas e desviaram o leito do rio para dentro dos açudes, afetando na reprodução e provocando a extinção dos peixes fonte de alimentação do povo.

Somos testemunhas que desde 2013 esse povo vem num processo de insurgência, lutando pela afirmação de sua identidade e do seu território. Essa luta, legítima, não vem sendo respeitada pelo governo federal, por meio da FUNAI, que tem obrigação legal de fazer a regularização fundiária dos territórios indígenas, uma obrigação prevista na Constituição Federal. Dessa forma, os indígenas empreendem ações próprias, colocando em risco até mesmo suas vidas. Pois no inicio do ano os indígenas denunciaram que o mesmo invasor dessa área que foi retomada, havia colocado homens armados (pistoleiros) para intimidá-los, os mesmos denunciaram tal fato bloqueando a MA-014 ,estrada que corta o território indígena.

Portanto, reconhecemos que a luta do povo Gamela é legítima, e repudiamos quaisquer ações que poderão ser praticadas por fazendeiros tais como:

1. Ameaças de morte a lideranças do povo;

2. Contratação de milícias;

3. Disparo com arma de fogo contra o acampamento;

4. Intimidação de indígenas nas comunidades para entregar informações;

5. Aliciamento de jovens com promessa de emprego nas cidades (Viana, Matinha e São Luís);

6. Destruição dos recursos naturais, espaços sagrados e simbólicos de culto, cura, ervas medicinais e de alimentação, fundamentais à sobrevivência física e cultural do povo. 

Diante dessa situação, exigimos que a FUNAI crie imediatamente o Grupo de Trabalho para estudo da terra indígena Gamela; que o Governo do Estado garanta a segurança do povo nesse momento de tensão e conflito.

Asssinam:

Conselho Indigenista Missionário – Cimi

CEBi-MA Centro de Estudos Bíblicos 

CEBs Comunidades Eclesiais de Base

CNBB Regional Nordeste 5

Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB

Povo TREMEMBÉ – Raposa- MA

Movimento Quilombola do Maranhão (MOQUIBOM) ,assina

CPT Marajó – Pará 

Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do MA

Comissão Pastoral da Terra – CPT Maranhão

Núcleo de Extensão e Pesquisa com populações e comunidades Rurais, Negras quilombolas e Indígenas (NuRuNI), do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente da UFMA

CSP Conlutas-Central Sindical e Popular

Associação Nacional de Ação Indigenista – Maranhão (ANAÍ-MA)

Comunidades Quilombolas de Santa Helena – MA 

Comissão de Direitos Humanos da OAB MA

Povo Tupinambá, aldeia Serra do Padeiro, T I Olivença

Comunidade Quilombola Ilha de São Vicente- Tocantins

Fundação Barros

Laboratório de Estudos e Pesquisas em Espaço Agrário e Campesinato – LEPEC UFPE

Comunidades Quilombolas Marfim, Cuba e Onça- Santa Inês/MA

CPT Acre

Coletivo Independente de Estudantes, Profesores e Profissionais de Geografía do Estado do Maranhão

Núcleo de Estudos e Pesquisas em Questões Agrárias – NERA UFMA

Sindicatos dos Servidores do Detran-SINDET/MA

Comunidades Quilombolas de Pau Pombo, São Roque, São Raimundo, Chapadinha, Janaubeira, Santa Luzia, Boi de Carro, Faxina, Bacuri, Vivo, Ponta, Curralzinho, Bemfica, Mundico, Pindobal de Fama, São José dos Britos, Armindio, no Maranhão

Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente – GEDMMA/UFMA

MSTB – Movimento Sem Teto da Bahia

Grupo de Estudos de Política, Lutas Sociais e Ideologia – GEPOLIS/UFMA

Comunidades Quilombolas Nazaré, Santa Rosa, Bacabal do Paraíso, Frechal dos Campos, Mariano dos Campos, Açude e Vera Cruz, do município de Serrano/MA

SINASEFE Maracanã

SINASEFE Monte Castelo

SINDSALEM

Rede Mandioca

Cáritas Brasileira Regional Maranhão

Rede Justiça nos Trilhos

Comunidades Quilombolas Charco e Juçaral, no Maranhão

Irmãs Notre Dame de Namur

NEDET Médio Mearim

Movimento de Saúde dos Povos MSP

Movimento de Defesa da Ilha

Fonte: Assessoria de Comunicação - Cimi
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