14/04/2016

Presidente do Cimi nega acusações contra a entidade e reafirma compromisso com povos indígenas

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul contra o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), na última quarta-feira, 13, o presidente da entidade, o arcebispo de Porto Velho (RO) dom Roque Paloschi, negou as acusações de que o Cimi incita, organiza e financia ocupações de terra no estado. Ainda, o dignatário eclesiástico reafirmou o compromisso da organização com a luta dos povos indígenas pela vida e pelos direitos constitucionalmente garantidos em séculos de resistência.

Dom Roque explicou que, entre outras questões que mobilizam o Cimi a atuar entre os indígenas, a desigualdade e a violência sofrida por eles no país são centrais. "Os dados das violências contra os povos indígenas no Brasil e também no Mato Grosso do Sul falam mais alto do que tudo", afirmou aos deputados que compõem a Comissão. Paulo Correa (PR) e Mara Caseiro (PSDB) questionaram sobre a validade das estatísticas de violência (regularmente publicadas pela entidade em relatórios públicos), argumento que baseia a necessidade do Cimi em atuar junto às comunidades indígenas no país e, sobretudo, no estado.

"Nós ficamos perplexos, porque nós estamos aqui acolhendo a convocação à CPI, e respondendo. Agora, dizer que é o Cimi quem inventa esses dados… O estado recebeu a visita de uma representante dos povos indígenas da ONU, por que será que ela veio? Não tem problema nenhum aqui?", rebateu dom Roque. "Nao é novidade para ninguém, os números de assassinatos, o número de suicídios, entre os povos do estado. A morte, o extermínio dos povos indígenas, esse é o ódio que nós entendemos que existe".

Os deputados também o inquiriram sobre as acusações de que o Cimi promove o uso de armas e incita a violência entre os indígenas. Dom Roque foi taxativo: "nossa missão é justamente promover caminhos de fraternidade, de paz, de verdade", explicou o presidente da entidade indigenista. "Eu tenho consciência de que nenhum missionário do Cimi está incentivando o uso de drogas ou contrabando, como o deputado Paulo [Correa] dizia, nem de armas e nem a violência. Tenho consciência absoluta e, mais, coloco a mão no fogo".

"A retomada das terras que os indígenas estão fazendo, nao é uma decisão do Cimi. É uma decisão deles. A senhora sabe, deputada [Mara Caseiro]. Por mais que tentem dizer que é o Cimi, a senhora sabe, é a autonomia deles, e nós temos que respeitar", disse Dom Roque.

No sentido de contribuir com os esclarecimentos, junto ao depoimento, o presidente do Cimi encaminhou um ofício explicitando os mecanismos estatutários da entidade, suas organizações financiadoras, o quadro de missionários e funcionários e também o Relatório de Auditoria Institucional Consolidado do Cimi, com as prestações de contas audidatas da entidade.

Na próxima semana, será ouvido o secretário executivo do Cimi, Cleber Buzatto.

Foto: Assembleia Legislativa/MS

Fonte: Assessoria de Comunicação do Cimi / Regional Cimi MS
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