26/01/2016

Coipam reivindica atuação da Funai para evitar conflito no Vale do Javari

A Coordenação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Coipam) divulgou carta enviada à presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai), nesta semana, manifestando apoio aos indígenas do Vale do Javari que ocupam a sede da Coordenação Regional da Funai em Atalaia do Norte (AM) desde o dia 19 de janeiro, e reiterando as reivindicações feitas por estes povos.

Na carta, a entidade indígena manifesta sua preocupação com a situação de conflito iminente entre os indígenas do povo Matís e os indígenas Korubo isolados, com a possibilidade de ocorrência de novas mortes, e exige “providencias urgentes por parte da Presidência da Funai, quanto à remoção dos Matis para uma área distante, longe dos Korubos, evitando como já mencionado outros conflitos”.

No dia 19 de janeiro, indígenas do povo Matís, apoiados pelos povos Mayuruna (também chamados de Matsés), Kanamary e Marubo, também do Vale do Javari, ocuparam a sede da Coordenação Regional da Funai em Atalaia do Norte (AM). Os indígenas retiraram do prédio os oito funcionários do órgão e o coordenador local, Bruno Pereira de Araújo, cuja exoneração é pedida pelos indígenas.

A situação de conflito entre indígenas isolados do povo Korubo e índios Matís iniciou-se em dezembro de 2014, quando dois Matís foram mortos por índios Korubo. Os assassinatos foram seguidos por um revide dos Matís, que também deixou indígenas Korubo mortos.

Após ocuparem a sede da Funai, os povos indígenas do Vale do Javari divulgaram uma carta pedindo providências à Funai. O documento afirmam que grupos isolados de Korubo “ainda estão permanentemente presente nas proximidades das aldeias, o que impede todas as atividades rotineiras do povo Matís”.

De acordo com o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), Jorge Duarth Comapa, os Matis vem pedindo há meses que a Coordenação Técnica Local (CTL) da Funai em Atalaia do Norte adote medidas para impedir o avanço dos grupos isolados nas aldeias Matis e o acirramento do conflito, com a possibilidade de ocorrência de mortes.

Recentemente, na aldeia Paraíso, localizada no rio Branco, afluente do rio Ituí, distante da sede municipal aproximadamente 900 quilômetros por via fluvial, um grupo isolado teria matado um cachorro e retirado parte da roça dos Matís. “Os Matis estão com medo de serem atacados e de que ocorram mais mortes”, diz Jorge Marubo.

A situação envolvendo os povos Matís e Korubo é complexa, pois envolve grupos Korubo isolados e indígenas do povo Matis que pedem ações para que sua segurança seja garantida. Os indígenas na ocupação exigem o cumprimento da agenda do presidente da Funai no Vale do Javari, para que o diálogo – abalado, segundo os Matís, pelo tratamento desrespeitoso que receberam por parte da Coordenação regional – seja retomado e se possa construir soluções para atender as demandas dos povos indígenas do Vale do Javari.

Clique aqui para ler a carta da Coipam na íntegra.

Foto: Marke Turu Matis

Fonte: Assessoria de Comunicação do Cimi
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