11/12/2015

Chuva ameniza fogo na Terra Indígena Caru, no MA, mas situação ainda é crítica

Depois da chuva que caiu ontem na Terra Indígena (TI) Caru, no Maranhão (MA), os focos de incêndio que ameaçavam mais diretamente o grupo de indígenas Awá Guajá isolados na área foram controlados. Ainda assim, muitas áreas de caça e coleta, indispensáveis à sobrevivência dos indígenas, foram queimadas, e outros focos ainda resistem em outras partes deste e de outros territórios tradicionais. Apesar da chuva, ação reduzida do Estado no combate ao fogo coloca matas e povos indígenas em risco.

Há algumas semanas, focos de incêndio surgiram na TI Caru, onde existem as aldeias Awá e Tiracambu, do povo Awá Guajá, e a aldeia Maçaranduba, do povo Guajajara, além de grupos de indígenas Awá isolados. O contato do povo Awá Guajá com a sociedade não indígena é recente e data da década de 1970, e a caça e a coleta são essenciais para a sobrevivência de ambos os povos.

Os indígenas denunciam que o fogo é criminoso e que os incêndios foram iniciados por madeireiros, em represália à atuação dos guardiões do povo Guajajara, que se organizaram para fazer a autodefesa de seu território frente às falhas do Estado brasileiro em cumprir com esse papel.

No momento, há cerca de 100 indígenas Guajajara e 30 indígenas Awá atuando no combate às chamas e apenas 45 brigadistas do Prevfogo, órgão nacional de combate aos incêndios florestais. Com as chuvas que amenizaram o fogo na TI Caru, alguns guardiões Guajajara e brigadistas deslocaram-se para as terras indígenas Awá e Alto Turiaçu, onde focos de incêndio também consomem as matas.

Há também um helicóptero do Ibama atuando na região e atendendo, ao mesmo tempo, as TIs Caru, Awá e Alto Turiaçu.

Com as TIs Caru e Awá – onde habitam indígenas dos povos Guajajara e Awá Guajá e há grupos de Awá Guajá isolados – já são cinco os territórios indígenas que sofreram queimadas em 2015 no Maranhão. O caso mais grave foi o da TI Arariboia, que teve 45% de seu território devastado pelo fogo.

As terras indígenas do Maranhão, em conjunto com a Reserva Biológica do Gurupi, concentram os últimos remanescentes de floresta da Amazônia do Maranhão, mas estão sendo destruídas pela inoperância do governo em protegê-las.


Segundo informações de Madalena Borges, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional MA, a região dos cocais no igarapé Presídio, fonte de grande parte da alimentação dos Awá isolados, foi atingida pelo fogo, que chegou a estar a menos de 10 km do local onde vivem estes grupos. “Os Awá contatados especulam que os isolados devem estar bravos, pois seus hakwa (seus lugares) pegaram fogo”, afirma a missionária.

Apesar de ter amenizado a situação mais crítica, o momento ainda é de cautela e há vários focos de incêndio que precisam ser combatidos. “Os indígenas disseram que não se pode descuidar, esse fogo é muito imprevisível. Foram bastante comprometidas as áreas de coleta e caça, e a ajuda do governo tem sido pouca para combater esses incêndios em diversas regiões do estado”, diz Madalena.

Veja, abaixo, um mapa dos focos de calor nas terras indígenas do Maranhão em novembro elaborado pelo Greenpeace. De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), há no momento 595 focos de calor na TI Arariboia, 533 na Alto Turiaçu, 174 na Caru e 112 na Awá.


Fotos e vídeo: Madalena Borges – Cimi Regional MA

Com informações do Cimi MA e do Greenpeace

Fonte: Assessoria de Comunicação do Cimi
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