05/09/2015

Uma semana depois do assassinato de Semião Vilhalva, fazendeiros voltam a atacar Guyra Kamby’i

Um novo ataque de fazendeiros na manhã deste sábado, 5, contra a comunidade Guarani e Kaiowá do tekoha – lugar onde se é – Guyra Kamby’i, Distrito de Bacajá, a 30 km de Dourados (MS), foi informado pelas lideranças indígenas. As cerca de 20 famílias não apresentaram resistência e recuaram para uma área de dois hectares, retomada há quatro anos e onde organizaram uma aldeia: até o pouco espaço deixar a vida insustentável e confinada. O ataque acontece uma semana depois do assassinato de Semião Vilhalva, durante investida de fazendeiros contra o tekoha Ñanderú Marangatú.  

Desde a noite de ontem, conforme a imprensa do Mato Grosso do Sul, a área em que os Guarani e Kaiowá de Guyra Kamby’i estavam vinha sendo alvo de atentados. Para o local os indígenas recuaram depois de ataques a tiros e incêndio provocados pelos fazendeiros na quinta-feira, 3, destruindo de forma completa o acampamento erguido pelos Guarani e Kaiowá. Na foto, cápsulas recolhidas pelos indígenas. Não foi o suficiente. Os ruralistas queriam os querem fora daquilo que eles afirmam ser propriedades rurais produtivas, empurrando-os cada vez mais para fora da terra indígena.

O presidente do Sindicato Rural de Itaporã, Otávio Vieira de Mello, passou a sexta-feira convocando fazendeiros de toda a região e ameaçando os Guarani e Kaiowá, inclusive mandando mensagens para os servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) afirmando que o conflito seria inevitável. A situação chegou ao ponto do Ministério Público Federal (MPF) pedir a abertura de inquérito policial para apurar a convocação de fazendeiros de toda a região de Dourados para fazer a remoção forçada dos indígenas de Guyra Kamby’i.

Na sequência do ataque anunciado, iniciado na noite de ontem com desfecho parcial na manhã deste sábado, fazendeiros, capangas e pistoleiros foram flagrados pelos indígenas bebendo e comemorando. Por isso, os Guarani e Kaiowá temem novos atentados, na medida em que os dois hectares onde se encontram agora estão em área onde uma fazenda incide. Guyra Kamby’i é uma terra indígena identificada pela Funai, mas o procedimento demarcatório encontra-se paralisado.  

Confinados em dois hectares, e sem nenhum sinal de finalização da demarcação pelo governo federal, os Guarani e Kaiowá de Guyra Kamby’i optaram pelas retomadas desta semana de porções da terra indígena, das quais a violência ruralista os expulsou nesses últimos três dias. O Departamento de Operações de Fronteira (DOF) esteve na área, mas como em Ñanderú Marangatú sem evitar a violência dos ruralistas.  

Para os Guarani e Kaiowá é urgente a presença das autoridades públicas em Guyra Kamby’i para garantir a segurança da comunidade. Os indígenas pedem o apoio da sociedade para enviar mensagens, telefonar ou deixar recados nas redes sociais para os seguintes órgãos públicos:

Ministério da Casa Civil – Aos cuidados do ministro Aloizio Mercadante: [email protected], (61) 3411-1410, twitter: @casacivilbr.  

Ministério da Justiça – Ao ministro José Eduardo Cardozo: [email protected], (61) 2025-3135, twitter: @JE_Cardozo, @JusticaGovBR, facebook: Ministério da Justiça;

Corregedoria-Geral de Polícia Federal – Aos cuidados de Roberto Mário da Cunha Cordeiro: (61) 2024-8222, ou denuncie aqui em genocídio ou crime de ódio: http://denuncia.pf.gov.br/

Secretaria-Geral da Presidência da República – Ao ministro Miguel Rossetto: [email protected] (61) 3411.1224, twitter: @secgeralpr, facebook: Secretaria-Geral da Presidência da República.

Fonte: Assessoria de Comunicação - Cimi
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