Povo Nawa libera servidores e comissão seguirá para Brasília negociar demarcação
Depois de acordo construído durante este final de semana, um funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai) e três do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foram liberados pelo povo Nawa. Os servidores foram retidos na Terra Indígena Nawa, município de Mâncio Lima, Acre. Uma delegação com 15 lideranças irá para Brasília negociar com as autoridades federais a conclusão da demarcação do território e exigirão medidas quanto ao ICMBio, que atravanca o procedimento por considerar a área como de preservação ambiental.
Os servidores permaneceram durante quase uma semana na comunidade Igarapé Novo Recreio. Não sofreram violências, foram alimentados e informados dos objetivos da ação. Representantes do povo Nawa declararam ao missionário do Cimi Lindomar Padilha que não aguentam mais a situação em que se encontram.
A luta pela regularização fundiária da Terra Indígena Nawa já dura mais de 15 anos e os indígenas têm sistematicamente denunciado o descaso das autoridades para solucionar o problema. Também denunciam o que chamam de "abusos" por parte do ICMBio, que insiste em não reconhecer a terra como indígena.
“Três laudos comprovam que a terra é de posse tradicional dos indígenas Nawa. Mesmo assim, o ICMBio insiste em dizer que a terra em questão é parte do Parque Nacional da Serra do Divisor. Por esse motivo, o órgão recorreu judicialmente contra os indígenas e, desde então, o processo encontra-se judicializado – atrapalhando ainda mais a conclusão da demarcação”, escreveu Padilha em informe.
Os indígenas afirmam que o ICMBio impede a construção de casas e roçados com multas aviltantes. Conforme os Nawa, o ICMBio tem procurado as famílias com o intuito de convencê-las a sair do território. “Não há dúvida de que a paralisação das demarcações é a principal responsável pelo problema. Por outro lado, são dois órgãos do governo federal, a Funai e o ICMBio, o foco da questão: no lugar de levarem a solução aos Nawa, os órgãos levam o impedimento aos indígenas de viverem plenos no território tradicional”, aponta Padilha.