26/05/2015

Indígenas do Rio Grande do Sul fecham via em Brasília e garantem audiência com ministro

Após dois meses tentando marcar uma audiência com os ministros Miguel Rosseto, chefe da secretaria geral da Presidência da República; Patrus Ananias, do Desenvolvimento Agrário; e José Eduardo Cardozo, da Justiça, o grupo de lideranças Kaingang, do Rio Grande do Sul, que chegou esta semana em Brasília, fechou as vias de acesso ao eixo monumental, na altura do Palácio do Planalto. “Ficaremos aqui até marcarem o dia e hora que nos receberão”, afirmou Luiz Salvador, cacique Kaingang.

Os indígenas formaram um cordão humano fechando as vias e segurando faixas exigiam que a presidente Dilma Rousseff retome as demarcações das terras indígenas. A segurança do Palácio tentou negociar para que eles liberassem o trânsito e aguardassem enquanto se tentava marcar a audiência, argumentando que aquela ação atrapalhava apenas a população. Em resposta, o cacique contestou:

“Você diz que os índios que estão atrapalhando? Isso é discriminação contra a minha pessoa. A gente não disse que vocês estavam atrapalhando quando chegaram aqui há 500 anos. Vocês tem que atender as nossas demandas, o governo brasileiro deve isso para a população indígena. Quantos mil indígenas o governo brasileiro não matou para tomar as terras? Vocês venderam politicamente as terras do Brasil, não fomos nós que vendemos. A terra é nossa, é isso que vocês têm que entender”.

Enquanto um grupo de assessores ainda tentava negociar um espaço na agenda do ministro Rosseto, a tentativa para liberação das vias continuou. Insistiam para que os indígenas aguardassem fora das pistas com a justificativa de que estavam tentando conseguir um espaço na agenda do ministro. Luiz Salvador, então, continuou: “Resolve o problema, não precisa nos enrolar, enrolado nós já estamos. Vocês tomaram todo o país para manter esses latifundiários. Vocês não estão atacando na Amazônia Legal, os grandes madeireiros estão tomando conta daquelas terras. A água boa que você toma é por causa dos povos indígenas. Olha a usina que estão construindo, hoje o povo de São Paulo sofre com isso e são os índios que estão fazendo maldade? Atendam as nossas demandas”.

Como resultado desta manifestação, que parece ser a única via possível para conseguir serem ouvidos, a audiência com o ministro Rosseto ficou agendada para hoje (26), às 15 horas, no próprio Palácio do Planalto. Os ministros Patrus Ananias e Eduardo Cardozo foram convidados, porém não garantiram a presença. O grupo de Kaingang liberou as pistas assim que obteve a confirmação.

Fonte: Maqueli Quadros - Assessoria de Comunicação do Cimi
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