29/08/2014

Áudio evidencia que CNA elabora parecer da PEC 215

Por Luana Luizy,

de Brasília (DF)

Na última semana uma denúncia escancarou a falta de ética e escrúpulos do latifúndio no Brasil. Uma ligação interceptada pelo Ministério Público Federal do Mato Grosso revelou que o líder ruralista Sebastião Ferreira Prado planejava o pagamento de R$ 30 mil para o advogado ligado à Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que seria o responsável pelo relatório da (PEC 215) que trata da demarcação de terras indígenas. “Esse trem custa 30 conto, eu dei 5 conto, o Navo vai dar 5, precisa arrumar 20 conto de hoje pra amanhã, que essa semana vai ficar pronta esse trem”, diz Sebastião Prado na ligação.

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No áudio, Sebastião Prado, líder da Associação de Produtores Rurais de Suiá-Missu (Aprossum), que inclusive está preso, diz que “o cara que é relator, o deputado federal que é o relator da PEC 215, quem tá fazendo pra ele a relatoria é o Rudy, advogado da CNA, que é amigo e companheiro nosso”.

Confira aqui o áudio:

O diálogo mostra nitidamente a autoria dos ruralistas na elaboração da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 215) e evidencia uma série de ações orquestradas pelos ruralistas em todo o Brasil contra os povos indígenas.

O Ministério Público Federal e a Polícia Federal deflagraram uma operação para desarticular a atuação do grupo que coordenava e aliciava pessoas para resistirem à desocupação do território indígena Marãwatsédé, em Mato Grosso. “Segundo investigação conduzida pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal, a organização criminosa atuava de modo a impedir que a etnia Xavante usufruísse da Terra Indígena Marãiwatsédé, definitivamente delimitada, demarcada e homologada desde 1998”, tal como corrobora nota do MPF-MT.

Mesmo com o reconhecimento da mais alta instância jurídica do país, ruralistas resistiam em desocupar o território tradicional indígena. A história se repete no Maranhão, onde segue em curso a desintrusão de não-índios em território dos Awá-Guajá, local bastante especulado por madeireiros. Em resposta a estas conquistas, os ruralistas, contra o estado democrático de direito, tentam potencializar ações ilegais.

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O MPF revelou a influência dos ruralistas em outros estados de conflito na Bahia, Mato Grosso do Sul e Paraná e também a possível participação de parlamentares federais no caso. A investigação segue em curso e os documentos relacionados à possível participação de parlamentares federais no caso foram remetidos ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Ligação de líder ruralista com Aécio Neves

O áudio também mostra a ligação do líder ruralista que está preso, Sebastião Prado com o candidato à presidência, Aécio Neves-PSDB. Sebastião Prado seria o coordenador da campanha de Aécio no estado do Mato Grosso. “Tive pessoalmente com ele (Aécio). Eu inclusive vou coordenar a campanha dele lá no Mato Grosso”, afirma Sebastião Prado.

Fonte: Assessoria de Comunicação-Cimi
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