XXXV Assembleia do Cimi Regional Maranhão clama apoio da sociedade aos povos indígenas no estado
Além do contínuo ataque dos madeireiros às terras indígenas da região e dos problemas referentes à desintrusão das àreas onde vivem povos isolados, o tráfico de pessoas, o exílio e as migrações forçadas foram outros importantes temas discutidos na XXXV Assembleia do Cimi Regional Maranhão, realizada entre os dias 4 e 7 de agosto,
Carta da XXXV Assembléia do Cimi Regional Maranhão à sociedade
Por esse motivo vimos a público denunciar e clamar à sociedade brasileira apoio à causa desses povos, histórica e cotidianamente violentados em sua dignidade de filhos e filhas de Deus, exigindo do governo brasileiro que cumpra as leis, ouça o clamor desses povos e haja com humanidade perante o clamor:
Dos Awá isolados que permanecem sitiados e exilados dentro de sua própria terra. Na mesma região onde, em 2012, o Cimi denunciou o ataque de madeireiros a um de seus acampamentos, na Terra Indígena Araribóia. O Cimi obteve provas da presença desses grupos na área atacada, onde permanecem em ação os madeireiros;
Das famílias retiradas da Terra Indígena Awá, que passados quatro meses da conclusão dos trabalhos de desintrusão continuam sem ter para onde ir. Tememos pelo retorno dessas famílias para a Terra Indígena Awá, e que recomecem os conflitos com os Awá Guajá;
Dos Krikati, que após uma decisão judicial, tiveram a desintrusão de sua terra suspensa, optando a Justiça pelo alongamento do conflito.
Ao mesmo tempo queremos anunciar a toda à sociedade brasileira que:
Os indígenas Gamela, considerados extintos oficialmente, reafirmaram, em Assembléia própria, sua identidade e sua disposição em buscar o reconhecimento étnico e territorial;
A luta e a resistência do povo Ka’apor, em processo de autoproteção de sua terra para a retirada dos madeireiros, que mesmo diante das violentas represálias, mantém-se firme e clama pelo fim da complacência do governo brasileiro com a invasão e depredação da terra, cessando sua omissão diante dos apelos por respeito e ajuda.
Denunciamos que o tráfico, a escravização da pessoa humana, reduzida à mercadoria, as migrações e exílios forçados, da negação da dignidade humana são originados pelos programas desenvolvimentistas, impostos pelo Estado e pelos governos sobre os territórios e sobre as vidas de povos originários e comunidades tradicionais, exterminado ecossistemas e modos de vida. Este projeto político econômico de morte encontra abrigo nos diferentes poderes do estado, explicitado publicamente pela bancada ruralista tendo, no estado do Maranhão, representantes como o deputado Weverton Rocha (PDT), que articulam e incitam o racismo contra os povos indígenas e contra as florestas.
Diante dessa realidade, renovamos nosso compromisso com a defesa da vida, das florestas, das águas e da justa distribuição da terra, como defensores e aliados (as) junto às causas dos oprimidos e explorados, como cristãos batizados comprometidos (as) com uma Igreja Povo de Deus, o Deus da Vida.
São Luís, 07 de agosto de 2014
Cimi Regional Maranhão