21/05/2014

Povo Pataxó ocupa Diretoria de Educação para exigir o fim de indicações políticas nos cargos e licitações

Desde a manhã desta quarta-feira, 21, cerca de 200 pataxó ocupam a Diretoria Regional de Educação, Cultura e Cidadania (Direc) 9, município de Teixeira de Freitas, extremo sul da Bahia. O movimento pede transporte escolar de qualidade e o fim das indicações políticas nas licitações de empresas que fazem este serviço. Por conta disso, os pataxó exigem a exoneração do atual coordenador do Direc-9 e que o cargo seja exercido com o compromisso de atender a demanda das comunidades, não de políticos e seus partidos.

 

A ocupação da diretoria seguirá por tempo indeterminado e os indígenas reivindicam a presença do secretário de Educação do governo da Bahia. “Estamos denunciando essas coisas faz tempo e nunca responderam para nós. Agora só saímos depois que o representante do governo chegar aqui para negociar”, afirma Linho Pataxó. Conforme os indígenas, o coordenador do Direc-9 ocupa o posto submetido a interesses partidários, inclusive em sua preferência por determinadas empresas no transporte escolar.   

 

Os indígenas afirmam que o deputado federal Valmir Assunção (PT/BA) influencia nestas indicações políticas do Direc-9. O parlamentar, inclusive, faz parte da recém criada Frente Parlamentar em Defesa das Populações Atingidas por Áreas Protegidas (Unidades de Conservação e Terras Indígenas) de iniciativa da bancada ruralista, inimiga história do Movimento dos Sem Terra (MST), do qual Assunção é destacada liderança.

 

“O que nós queremos é que o deputado não faça o que vem fazendo. Sempre demonstramos respeito com ele, mas o Direc-9 precisa atender os pataxó e não interesses partidários ou do próprio deputado. Queremos respeito”, afirma Aguinaldo Pataxó. O indígena declara que será enviado ao Ministério Público Federal (MPF) um dossiê com as denúncias e o pedido de apuração delas.   

 

Além disso, Aguinaldo afirma que os veículos escolares não correspondem ao que foi prometido. São carros com carroceria, onde as crianças correm o risco de cair. Para piorar, quando chegam à escola, depois de expostos às consequências da insegurança, os alunos não encontram livros, cadernos e merenda.  

Fonte: Cimi Regional Leste/Equipe extremo sul da Bahia
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