Caríssimo Dom Tomás, nosso irmão, amigo, patriarca
Você partiu para entrar na pátria definitiva. Deixa imensas saudades, incontáveis lembranças, agradáveis recordações. Choramos a sua morte, mas ao mesmo tempo somos tão gratos a Deus por ter-nos concedido sua presença fraterna e solidária durante tanto tempo.
O que seria o Conselho Indigenista Missionário, o Cimi, sem você! Você não deixou apenas marcas, você foi um dos fundadores do Cimi nos idos de 1972. Diante dos desafios já daquele tempo sentiu a necessidade de criar um organismo na CNBB que coordenasse todo o empenho em favor dos povos indígenas deste País. Quem fala no Cimi, lembra o Dom Tomás: intransigente defensor dos direitos e da dignidade dos povos indígenas. Mas sua doação generosa não se restringiu aos índios. Dedicou sua vida igualmente aos agricultores expulsos de suas terras, ameaçados em sua sobrevivência, aos sem-terra, sem-teto, sem-nada. Seu exemplo de vida doada a quem um sistema iníquo e injusto exclui e considera supérfluo e descartável nos incentiva e fortalece na continuação desta nobre luta em favor dos prediletos de Deus.
Caro Dom Tomás, quero lhe agradecer também pessoalmente por sua fraterna amizade. Nunca esquecerei sua presença no Xingu e as viagens que fizemos, só nós dois, no seu aviãozinho para às aldeias do povo Kayapó.
Dom Tomás, que Deus o tenha na sua glória! Que receba agora o prêmio de contemplar por toda a eternidade o que Deus preparou para aqueles que o amam (cf. 1 Cor 2,9).
Do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida,
da 52ª Assembleia Geral da CNBB,
4 de maio de 2014
Erwin Kräutler
Bispo do Xingu
Presidente do Cimi