Guajajara apreendem caminhões madeireiros na Terra Indígena Arariboia
Gilderlan Rodrigues
Cimi Regional Maranhão
Lideranças indígenas Guajajara da aldeia Mucura, localizada na Terra Indígena Arariboia, sudoeste do estado do Maranhão, apreenderam nesta quinta-feira, 7, dois caminhões e um jerico que retiravam madeira ilegal da área indígena. Os indígenas aguardam a presença de representantes da Funai e da Polícia Federal para retirar os veículos do seu território.
O clima na aldeia é tenso, cerca de 100 madeireiros ameaçam invadir a aldeia. Os indígenas temem que aconteça a invasão, uma vez que tais ameaças e práticas já ocorreram na Araribóia, bem como em outras terras indígenas do Maranhão.
Na Arariboia o histórico remonta assassinato e confrontos. Em 2007, os madeireiros invadiram a aldeia Lagoa Comprida e assassinaram Tomé Guajajara. Em 2008 os madeireiros invadiram essa mesma aldeia para retirar um caminhão que tinha sido apreendido pelos indígenas. Na ocasião, houve troca de tiros e parte da floresta foi incendiada pelos madeireiros.
Os Awá-Guajá, que vivem em situação de isolamento, habitam as terras da Arariboia. Vivem fugindo da frente madeireira, que a cada ano avança mais sobre o seu território, destruindo locais de caça e coleta, deixando os indígenas sem condições de viverem
Em janeiro deste ano, cerca de 20 homens armados invadiram a base montada pelo povo Ka’apor para proteger o território das invasões. Esses homens humilharam o grupo, agrediram indígenas, ameaçaram matar lideranças e levaram o "jerico" que tinha sido apreendido pelos Ka’apor.
Cansados das invasões, os Tentehar/Guajajara da aldeia Mucura resolveram enfrentar a frente madeireira, que há muitos anos vem explorando o território e assassinando indígenas, e temem as represálias caso o Estado não tome as providências necessárias.
A prática de invasões madeireiras nas terras indígenas no Maranhão tem sido uma constante e esbarra na falta de fiscalização permanente por parte dos órgãos responsáveis, em especial, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado (SEMA). As serrarias da cidade de Amarante não são fiscalizadas, beneficiando o trato das toneladas de madeiras ilegais oriundas das Terras Indígenas Arariboia e Governador.
Os indígenas já comunicaram o fato à Funai e estão aguardando respostas. Esperamos que as providências sejam tomadas, o mais breve possível, no sentido se evitar uma invasão à aldeia, bem como que outras violências sejam cometidas contra a comunidade. A luta dos Tentehar/Guajajara pela preservação de seu território é árdua, mas as lideranças indígenas destacam que não vão desistir enquanto eles tiverem forças.