Organização Oro Wari divulga nota contra minuta que altera o procedimento de demarcação
Frente às tentativas de inviabilização do direito à terra, a Organização Oro Wari, de Rondônia, aproveitou a ocasião de seua 13ª Assembleia, que ocorreu no início desta semana, para reafirmar a luta dos povos indígenas em defesa da demarcação das terras tradicionais e contra toda e qualquer medida que ataque este direito constitucional.
Por conta disso, o plenário da assembleia aprovou documento, endereçado ao Ministério Público Federal (MPF), que explicita a opinião dos povos indígenas que pertencem a Organização Oro Wari. A principal delas é a contrariedade à minuta do Ministério da Justiça para uma portaria que visa modificar o procedimento de demarcação das terras indígenas. Segue na íntegra:
ORGANIZAÇÃO ORO WARI
À:
Ministério Público Federal
Nós, povos indígenas Oro Nao, Oro Waram, Oro Waram Xijein, Oro Mon, Jabuti,
Ao refletir sobre a Constituição Federal, nos artigos 231 e 232, que garantem os direitos indígenas, vemos que os mesmos estão sendo desrespeitados e violados constantemente pelos inúmeros projetos legislativos que rasgam a Constituição Federal e acabam com os direitos conquistados constitucionalmente.
Manifestamos nosso repudio e indignação contra os projetos legislativos, decretos e portarias: PL 1610/96, decreto 1775/96, 7957/13, PECs 038/99, 215/00, 237/13, 195/11, Medida Provisória 558/12, Portaria 2656/07, 419/11, 303/12 e o PLP 227/12, que trazem a morte para o nosso povo e desrespeitam e violam a Constituição.
Temos a preocupação que a Constituição no papel está legalizada, mas cada vez mais tentam criar filhotes para a constituição contra nós, que são estes Projetos de Emenda Constitucional, Medidas Provisórias e Portarias, que são contra nossos direitos.
Repudiamos a Minuta apresentada pelo Ministro da Justiça, em que estabelece instruções para a execução do procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas, de que trata o decreto 1775, de 8 de janeiro de 1996. Esta portaria trará demora no processo de demarcação, que inviabilizaria as demarcações. Caso aprovada, os conflitos territoriais continuarão.
Exigimos que estes projetos de leis sejam revogados e nossos direitos sejam respeitados.