12/06/2013

Povo Tupinambá da Serra do Padeiro retoma dez fazendas no sul da Bahia

Área retomada Tupinambá. Foto: Cimi Regional Leste - Equipe Extremo SulDez fazendas incidentes em área demarcada foram retomadas pelo povo Tupinambá da Serra do Padeiro, município de Buerarema, sul da Bahia, desde o último final de semana. De acordo com as lideranças indígenas, não ocorreram conflitos e nas fazendas estavam apenas famílias de funcionários, que viviam em condições degradantes. Ao lado, foto de área retomada.  

“Essas terras foram griladas e tínhamos a programação de fazer a retomada delas, mas decidimos antecipar para dar uma resposta ao que estão fazendo com o povo Terena, do Mato Grosso do Sul. A luta dos índios é uma só”, declara cacique Babau Tupinambá. Conforme o cacique são fazendas que totalizam cerca de 500 hectares.  

Na contabilização dos indígenas, restam apenas cinco fazendas, também incidentes na terra demarcada, para chegar a outras duas áreas retomadas: Santa Rosa e Unacau. Para as lideranças, uma coisa é certa: a área recuperada pelos Tupinambá estava loteada entre latifundiários de vulto na região.  

Entre as dez fazendas estavam espólio, caso da São Marcos 2, de 48 hectares, cujo proprietário era José Ferreira (Zé Ferreira), o Conjunto Trindade, de 390 hectares, de Pedro Marques de Sá, além das fazendas Santa Rosa, 198 hecatres, de Pedro Oliveira (Pepeu), Bela Vista, de 61 hecatres, de Jorge Ribeiro (Dr.Carrilho).

As lideranças informam ainda que o proprietário da fazenda retomada chamada Boa Vista, de 38 hectares, não foi identificado. Cacique Babau aponta que nas áreas retomadas o clima é de tranquilidade, ao contrário do informado pela imprensa local. “Eu li e vi notícias de tiroteio, gente ferida e morta. Não tem nada disso, tanto do lado deles (fazendeiros) quanto do nosso. Sempre tentam nos criminalizar, mas nunca comprovam nada”, frisa o cacique.   

Babau enfoca que é vergonhoso, mas real o desmatamento nas matas ciliares das fazendas, e que é imprescindível a preservação da fauna e flora: “Preservar para ter e poder comer sem devastar mantendo o equilíbrio. A área, entrecortada por serras, é vital para o envolvimento social e cultural dos Tupinambá: “Conhecemos cada pedaço dela, onde cada serra vai dar”, conta Babau.

Formado, sobretudo, por jovens, o grupo que realizou as retomadas encontrou um casal de idosos vivendo em oito hectares de terras. Encaminhados para a cidade, os indígenas afirmam que os idosos retornarão ao lar assim que a situação nas áreas for de segurança plena.

Fonte: Assessoria de Comunicação - Cimi
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