08/06/2013

Povo Munduruku questiona ministro Gilberto Carvalho na Justiça; indígenas seguem no Planalto Central

Lideranças Munduruku protocolaram no Superior Tribunal de Justiça (STJ) interpelação criminal contra o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República (SGPR), Gilberto Carvalho. Em nota publicada no dia 6 de maio deste ano, na primeira da série de duas ocupações ao canteiro de Belo Monte, a SGPR chama de “autodenominadas” e “pretensas” as lideranças do povo, questionando a honestidade dos indígenas e os acusando de estarem envolvidos com o garimpo ilegal.

“Na verdade, alguns Munduruku não querem nenhum empreendimento em sua região porque estão envolvidos com o garimpo ilegal de ouro no Tapajós e afluentes. Um dos principais porta-vozes dos invasores em Belo Monte é proprietário de seis balsas de garimpo ilegal”, diz trecho da nota. Leia a íntegra aqui.

Sob tal pretexto, o governo despachou para a aldeia Teles Pires a Operação Eldorado, em novembro do ano passado, que terminou com o assassinato de Adenilson Munduruku pelas mãos dos policiais federais. No entanto, nenhum indígena foi preso ou indiciado por garimpagem.

Os indígenas acusam o ministro de “declarações caluniosas, difamatórias e injuriosas feitas contra o povo Munduruku”. Na interpelação, os indígenas pedem ao Judiciário que o ministro Carvalho aponte o nome da liderança acusada pela SGPR de manter balsas de garimpo ilegal, bem como apresente provas e ocorrência policial atestando o suposto crime.

A interpelação é “medida preparatória de Ação Penal” contra Carvalho. Durante reunião entre os indígenas que ocuparam por 17 dias, em duas ocasiões, o canteiro de obras da UHE Belo Monte, e o ministro Carvalho, nesta terça-feira, 4, Jairo Saw, assessor do cacique geral Munduruku, lembrou dos ataques do governo feito pela nota. “O ministro fingiu que ela não existiu, tratou como algo sem importância”, disse Saw.

À Justiça, os Munduruku pedem também que o ministro indique os assessores que participaram da elaboração da carta e se a presidente Dilma Rousseff estava ciente de sua publicação. “Será esse o diálogo que o governo quer? Isso nos revoltou muito. O governo toma atitude racista e quer dizer quem é liderança ou não. Por que o ministro não vai perguntar na aldeia quem é liderança?”, questionou Valdenir Munduruku.

Carvalho deverá ser notificado da ação para prestar explicações. Conforme o site Xingu Vivo Para Sempre, até esta sexta-feira, 7, isso ainda não tinha ocorrido.

Seguem no Planalto Central

Os pouco mais de 140 indígenas seguem no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia (GO). Conforme as lideranças, uma nova reunião foi marcada com Gilberto Carvalho para segunda-feira, 10, às 10 horas no Anexo I do Palácio do Planalto, Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF). Por enquanto, a intenção do grupo de povos dos rios Xingu, Tapajós e Teles Pires é de apenas ir embora após o encontro – governo e indígenas negociam o transporte de volta para o Pará. Agenda com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, é outra intenção dos indígenas, mas até agora não obtiveram resposta. 
 

Fonte: Assessoria de Comunicação - Cimi
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