09/05/2013

Belo Monte: “Vão ter que nos arrastar para fora, mas não saímos”, afirma uma das lideranças da ocupação

De Vitória do Xingu (PA)

 

Mesmo com decisão da desembargadora Selene de Almeida, do TRF-1, Brasília (DF), deferindo pedido da Norte Energia de reintegração de posse, entre 150 e 200 indígenas – que ocupam há uma semana o principal canteiro de obras da UHE Belo Monte – dizem que permanecerão no local.

 

“O oficial de justiça já leu o documento, mas decidimos esperar a procuradora (Federal). Decidimos ficar aqui. Vão ter que nos empurrar para dentro do ônibus”, afirma Valdenir Munduruku.

 

Os indígenas dizem que foram pegos de surpresa, ao saberem da decisão pela reintegração no início da madrugada desta quinta-feira, 9: “Ontem (quarta-feira, 8) o governo mandou um representante e pedimos um tempo para detalhar nossa pauta e dar uma resposta. Pegou de surpresa a reintegração”, diz Valdenir.

 

Existem entre 80 e 100 policias da Força Nacional no canteiro ocupado pelos indígenas. No final da tarde desta quinta, a procuradora Federal Thais Santi chegou ao canteiro e constatou que só terá violência no local caso a reintegração ocorra.

 

De acordo com relatório feito pela chefe da Polícia Federal em Altamira (PA), os indígenas estariam ameaçando cerca de 3 mil trabalhadores, o que justificaria a reintegração. Porém, em contradição, a imprensa noticiou atos de solidariedade dos funcionários da usina com o movimento dos indígenas.

 

Em nota, o MPF/PA mostrou preocupação com a condução da operação de reintegração de posse, “já que a chefe da PF em Altamira, responsável pelo relatório feito à Justiça, é casada com o advogado da Norte Energia S.A Felipe Callegaro Pereira Fortes, autor do pedido de reintegração de posse. No agravo feito ao TRF1, o advogado chega a citar o relatório da PF, assinado pela sua esposa”, diz a nota. 

Fonte: Assessoria de Comunicação - Cimi
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