08/02/2013

Informe nº 1051: Indígenas ficam expostos a acidentes por atropelamento

Por Luana Luizy,

de Brasília

Estradas e rodovias próximas a aldeias, reservas e acampamentos indígenas contribuem para o aumento de casos de atropelamentos e mortes. No dia 9 de janeiro, uma menina de nove anos de idade foi atropelada na BR-277, no município de Nova Laranjeiras, estado do Paraná. A rodovia federal corta a aldeia indígena Rio das Cobras onde vive majoritariamente o povo Kaingang, mas também Guarani.

 

O motorista do veículo fugiu sem prestar socorro e está foragido. Segundo a Polícia Rodoviária Federal do estado, em 2012 foram nove casos de atropelamentos no Paraná, destes seis resultaram em morte. Fato que tem se tornado recorrente. Levantamento preliminar do Cimi indica a ocorrência de outros sete casos em 2012, nos estados do Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Em seis destes casos, os agressores fugiram do local sem prestar socorro.

 

O Cimi revelou no Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas de 2011, 12 casos de mortes por atropelamento em todo país. “Chama a atenção o elevado número de ocorrências no estado do Paraná, com quatro casos registrados em 2011″, destaca o texto. Já em 2010, a situação foi ainda pior. Nesta mesma rodovia onde a menina indígena foi atropelada, a Polícia Rodoviária Federal, contabilizou 82 atropelamentos, sendo que 41 destas ocorrências causaram a morte de indígenas.

 

No dia 7 de fevereiro, no município de Tenente Portela, em Rio Grande do Sul outra indígena morreu atropelada por motocicleta, Jurema Sales era Kaingang e sofreu ferimentos graves na perna e braço. “Às vezes os indígenas precisam atravessar a estrada seja para ir ao outro lado da aldeia, visitar um parente, vender artesanato ou qualquer outra coisa. Essas mortes são consequência das grandes obras, tais como estradas ou hidrelétricas que acabam prejudicando a existência desses povos. O que o governo deveria fazer agora em regiões de intenso tráfego como a BR-277 é construir lombadas ou passarelas, alternativas que não faltam”, aponta Jacson Santana, do Conselho Indigenista Missionário – Regional Sul.

 

Nos estados do Sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) há populações indígenas que vivem em beira de rodovias há pelo menos 10 anos, sem que haja alguma modificação, por parte dos estados, da forma de vida desses povos. Muitos aguardam demarcação de suas terras, outros vendem artesanato como meio de sobrevivência na beira das estradas.

 

 

Fonte: Assessoria de Comunicação-Cimi
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