08/11/2012

Manifesto em solidariedade aos índios Munduruku da aldeia Teles Pires

O conflito ocorrido nesta quarta-feira, 7, envolvendo índios Munduruku da Aldeia Teles Pires, fronteira entre Pará e Maranhão, e a Polícia Federal do Brasil, é mais um capítulo de uma novela pautada pelo descaso, violência e destruição das terras e dos povos indígenas. Saldo até agora conhecido: vários índios gravemente feridos; crianças, idosos e mulheres ameaçados e humilhados pelos agentes federais; e um Munduruku assassinado com quatro tiros no peito e um na cabeça.

 

No final do século XV, antes mesmo da chegada dos portugueses, os espanhóis já haviam tocado a foz do rio Amazonas, levando ao partir algumas dezenas de indígenas para serem vendidos como escravos na Europa.

 

No final do século XVI, ingleses e holandeses também passaram a convergir sobre esta região com o objetivo de explorar seus recursos naturais. Como inicialmente não foi encontrado ouro ou prata, partiu-se para a exploração dos recursos vegetais, bem como captura dos indígenas para trabalharem como escravos.

 

500 anos se passaram desde a chegada européia a pindorama, mas o confronto de ontem repete o que ocorria no inicio da invasão. Índio (Munduruku) com flecha defendendo o seu território, e branco (Policial federal) com arma de fogo abatendo quem encontrava pelo caminho.

 

Por trás de toda esta situação estão os interesses de empresários, ávidos pelos recursos minerais em terras indígenas; latifundiários do agronegócio; empreiteiras construtoras de mega-hidrelétricas nos rios Teles Pires, Xingu e Madeira (o Tapajós é a bola da vez), entre outros. O governo brasileiro dá sustentação ao projeto do capital para a natureza, projeto de exaustão das riquezas naturais da Amazônia, e do mundo.

 

Por tudo isso, responsabilizamos o governo pelo ocorrido na aldeia Teles Pires. Exigimos que os fatos sejam apurados e os culpados pelos ataques e assassinato do índio Munduruku sejam criminalmente penalizados. Por fim, reiteramos nossa denuncia contra o projeto do governo do Brasil. Projeto de destruição da floresta, dos rios e da vida na Amazônia.

 

Belém, 08 de novembro de 2012

 

Assinam este manifesto:

 

Associação Indígena Tembé de Santa Maria do Pará (AITESAMPA)

Comissão Pastora da Terra (CPT/PA)

Comitê Dorothy

Companhia Papo Show

Juntos! Coletivo de Juventude

Central Sindical e Popular CONLUTAS

Diretório Central dos Estudantes da UFPA

Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC)

Diretório Central dos Estudantes da UNAMA

Instituto Universidade Popular (UNIPOP)

Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense (FMAP)

Fundação Tocaia (FunTocaia)

Conselho Indigenista Missionário Regional Norte II (CIMI)

Fórum da Amazônia Oriental (FAOR)

TÔ!Coletivo

Fórum Social Pan-amazônico (FSPA)

Associação dos Empregados do Banco da Amazônia (AEBA)

Instituto Amazônia Solidária e Sustentável (IAMAS)

Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade do Estado do Pará (MMCC-PA)

Movimento Luta de Classes (MLC)

Associação Sindical Unidos Pra Lutar

Mana-Maní Círculo Aberto de Comunicação, Educação e Cultura

Movimento Hip-Hop da Floresta (MHF/NRP)

Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)

Instituto Amazônico de Planejamento, Gestão Urbana e Ambiental (IAGUA)

Diretório Central dos Estudantes da UEPA

Partido Comunista Revolucionário (PCR)

Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH)

Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal do Pará (SINTSEP/PA)

Movimento Estudantil Vamos à Luta

Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN)

Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU)

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Gestão Ambiental do Estado do Pará (SINDIAMBIENTAL)

Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba (SINTRAM)

Vegetarianos em Movimento (VEM)

Assembléia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL)

Associação dos Concursados do Pará (ASCONPA)

Pastorais Sociais Ampliadas da Diocese de Marabá

Associação Indígena Te Mempapytarkate Akrãtikatêjê da Montanha

Movimento Xingu Vivo Para Sempre

Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira Campo e Cidade

Movimento Negro da Transamazônica e Xingu,

Movimento de Mulheres Campo e Cidade Regional Transamazônica e Xingu

Mutirão Pela Cidadania

Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Belém e Ananindeua

Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (FONASC-CBH)

Instituto Humanitas – Belém/PA

Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA)

Comitê Xingu Vivo

Fonte: Manifesto de organizações
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